A grande mobilização da comunidade escolar do Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos (Ceebja) Professora Maria do Carmo Bocati, em Cambé, no norte do estado, conseguiu impedir a decisão do governo Ratinho Jr. de fechar a unidade a partir de dezembro deste ano.
Apesar da vitória, em comunicado enviado à escola na manhã desta quarta-feira (1º), a Secretaria da Educação (Seed) manteve a ameaça de encerrar o atendimento ao final do ano letivo de 2024.
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A APP-Sindicato confirmou as informações e conversou com a comissão criada pelos(as) estudantes para fazer a mobilização. “A gente está feliz, porque venceu uma batalha, mas a guerra continua, porque até o final do próximo ano essa escola pode fechar. Então a gente tem um ano pra continuar correndo atrás. Não podemos parar porque queremos que essa escola não feche, mas permaneça em definitivo aqui em Cambé”, diz a estudante Josiane Saraiva.
Nos últimos dias, a comissão concedeu entrevistas a veículos de comunicação locais, conseguiu o apoio de deputados(as) estaduais e federais, tinha uma agenda marcada na Câmara Municipal para a próxima semana e havia divulgado a realização de um protesto no centro da cidade, no sábado (4). Na avaliação da comunidade escolar, o recuo do governo é resultado dessa movimentação que uniu diversas organizações da sociedade em defesa da escola.
Desmonte
O fechamento do Ceebja de Cambé não é um caso isolado. O problema também se repete em Goioerê, no noroeste, e na região sul do estado, com denúncias de encerramento das atividades nos municípios de Lapa, Rio Negro e Mandirituba, por exemplo.
Essa imposição do governo faz parte de uma escolha política da gestão Ratinho Jr. que, ao invés criar ações para incentivar jovens e adultos que não concluíram os estudos a retornarem para a escola, têm criado dificuldades para que essa população acesse o direito à educação assegurado na Constituição.
Dados do Ministério da Educação analisados pela APP-Sindicato confirmam que as ações tomadas pela gestão de Ratinho Jr. têm destruído a educação de jovens e adultos no Paraná. O estado lidera o ranking de analfabetismo na região sul do país. São mais de 365 mil (3,9%) paranaenses com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever.
Desde que assumiu, em 2019, até 2022, o atual governo já acabou com a oferta da EJA ensino médio em 27 escolas e da EJA ensino fundamental em 54 estabelecimentos. Em consequência do fechamento de escolas e do fim da oferta de ensino flexível, as matrículas caíram 59%, registrando uma queda brusca de 125.881 para apenas 51.726 alunos(as) em apenas quatro anos.
Ceebja fica!
Os Ceebjas são estabelecimentos de ensino especializados porque oferecem condições de estudo diferenciadas e adaptadas para atender as especificidades das pessoas que por razões de trabalho ou questões sociais ainda não terminaram os estudos. Essas escolas também ficam localizadas em pontos estratégicos, para facilitar o acesso desses(as) estudantes.
Para a secretária executiva Educacional da APP-Sindicato, Margleyse Adriana dos Santos, as medidas adotadas pelo governo Ratinho Jr. revelam uma grande falta de responsabilidade e uma intenção de negar o direito à educação para a população que mais precisa.
“Fechar escolas é inaceitável. Vamos continuar na luta e fazendo a resistência contra esse retrocesso”, afirma, explicando que a proposta de acabar com os Ceebjas e transferir as matrículas para modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) em outras escolas, aprofunda ainda mais o retrocesso provocado pela atual gestão nesta modalidade de ensino.
Defenda a sua escola
A APP-Sindicato também tem recebido relatos sobre o encerramento de turmas do ensino noturno, fato que pode atingir os(as) estudantes que mais precisam da escola pública; aqueles(as) que trabalham durante o dia e não têm condições de frequentar outro turno.
Educação é um direito da sociedade e um dever do Estado, que tem a obrigação constitucional de garantir o acesso e a permanência a todos(as). Por isso, a APP preparou algumas orientações para ajudar a comunidade escolar a se organizar e defender esse direito. Confira abaixo.
Se a sua escola está sob ataque, saiba como resistir:
- Organize a sua escola
Convoque toda a comunidade escolar, o grêmio estudantil e, se possível, lideranças e políticos(as) locais para uma reunião. Debata os prejuízos do fechamento e faça uma ata com a decisão da comunidade. Utilize dados e informações que justifiquem a permanência do período noturno. Colete a assinatura de todos(as) os presentes.
- Faça-se ouvir
Organize um abaixo-assinado a partir da ata para que todos(as) possam manifestar apoio. Organize uma comissão e leve o documento ao Núcleo Regional de Educação, Ministério Público, Prefeitura, Câmara, Conselho Tutelar e outros órgãos. Acione a imprensa local e faça barulho nas redes sociais.
- Conte com a APP
Procure o Núcleo Sindical da APP-Sindicato da sua região. Envie informações e a ata para APP estadual pelo e-mail [email protected]. Nas redes sociais, marque a gente: @appsindicato
Defenda a sua escola!