Violência na escola é reflexo da falta de investimento

Violência na escola é reflexo da falta de investimento


Foto: Divulgação/Comunicação APP

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou, no fim de outubro de 2017, o 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Com dados de 2015 e 2016, a publicação apresenta informações sobre a segurança no país. A produção do anuário, feita desde 2008, é utilizada como uma ferramenta na prestação de contas e transparência na área da segurança. Além disso, baseada em dados secundários apresentados pela pesquisa da Prova Brasil, o anuário também “compila e analisa dados de registros policiais sobre criminalidade, informações sobre o sistema prisional e gastos com segurança pública, entre outros recortes introduzidos a cada edição”, como explica o texto de divulgação do anuário.

Dentre as diversas informações compiladas, o anuário apresenta dados sobre a violência e a escola. Este ano, números foram divulgados sobre a percepção de diretores(as) e professores(as) sobre a ocorrência de situações de violência na escola em que trabalham, a segurança de educadores (as) e estudantes e a vitimização de diretores(as) e professores(as) na escola em que trabalham.

O que chama a atenção é que 40% das escolas brasileiras não possuem esquema de policiamento para evitar violência em seu entorno. Do policiamento identificado pelos dados, 21,2% foram apontados como “ruim” ou “regular”. No Paraná, o número de policiamento inexistente é de 50,9% e, dos que são identificados, 22,9% são classificados como ruins ou regulares.

No 10º anuário, divulgado em 2016, os índices também mostram a presença da violência envolvendo a escola, educadores(as), estudantes e a comunidade escolar. Os números indicam que 50% dos(as) estudantes frequentando o 9º ano do ensino fundamental estão em escolas localizadas em áreas de risco de violência. 14,8% dos(as) estudantes afirmaram ter perdido aula por falta de segurança no trajeto casa-escola ou na escola. Uma das pesquisadoras responsáveis pela publicação, mestre em Administração Pública e Governo, Patrícia Nogueira Pröglhöf, destaca que a insegurança envolvendo as escolas brasileiras não pode prejudicar o ensino no país. “Se queremos que o país reduza seus índices de criminalidade e violência devemos, entre tantas medidas necessárias, garantir que a insegurança não prejudique a oferta de educação, o acesso de nossos jovens a ela e a qualidade do aprendizado. Sobretudo, é preciso que – para além dos conteúdos curriculares – o ambiente escolar seja capaz de ensinar pela prática às nossas crianças e jovens que a paz é possível”, pontua.

Violência no cotidiano – A violência nas escolas é tema de preocupação constante entre os(as) educadores(as). Em agosto de 2017, a agressão física sofrida pela professora Marcia Friggi, de Santa Catarina, gerou discussões em todo o país. A professora, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, relata que o cenário de insegurança faz parte do cotidiano. “Infelizmente, isso [agressão] não ocorre só comigo. Vários professores passam por esse problema diariamente. Isso [violência] precisa mudar. Nosso país só vai conseguir melhorar se melhorar a educação”, disse a professora ao jornal.

Ao falar sobre o tema nas escolas, uma dificuldade é real: encontrar professores(as) e funcionários(as) que relatem a violência sofrida. E esse problema existe porque o medo de punições e represálias também é uma realidade. Casos como o da professora Friggi acontecem, infelizmente, com mais frequência do que se imagina, mas nem todos ganham manchetes de grandes jornais e o debate necessário na comunidade escolar. O secretário de Comunicação da APP-Sindicato, Luiz Fernando Rodrigues, explica que fazer denúncia de agressões é um desafio. “Nós sabemos que a violência é uma realidade. Quando vamos denunciar o que acontece nas escolas, encontramos o medo dos trabalhadores ao contar o que sofrem. Percebemos, então, que a violência cria raízes e nós não podemos nos conformar com ela”, destaca Luiz.

O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, ressalta que o sindicato recebe denúncias de violência constantemente. “São denúncias que nos mostram o quanto a falta de investimentos afeta a escola como um todo. A violência não pode ser naturalizada e vista como um processo isolado. É um problema que começa na desigualdade social e culmina em situações dolorosas para todos. A educação tem o poder de combater a violência, mas não é possível fazer isso apenas com a boa vontade de quem trabalha na escola”, pontua Hermes. “Tanto professores, funcionários, pais, mães e os próprios estudantes querem se sentir seguros. Nós queremos segurança nas nossas escolas. Nos deparar com índices tão altos só quantificam o desamparado que a educação pública está submetida”, finaliza.

Confira índices de publicações anteriores do Anuário Brasileiro de Segurança Pública:

2017 – 11º Anuário de Segurança Pública

Clique AQUI para acessar a publicação.

2016 – 10º Anuário de Segurança Pública

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2015 – 9º Anuário de Segurança Pública

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Para acessar materiais de anos anteriores, clique AQUI.

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