Nesta quinta-feira (10), Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher, a realidade da violência de gênero no Brasil segue alarmante, com mais de 159 mil casos registrados no Paraná, de janeiro a setembro deste ano. A APP-Sindicato reforça que, apesar dos avanços legislativos, ainda há um longo caminho para reduzir os casos de violência contra a mulher e garantir a segurança e os direitos de todas.
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“Este dia reflete a urgência de medidas para erradicar o machismo, a misoginia e a desigualdade de gênero, punir agressores e conscientizar a população sobre as formas de prevenção e denúncia”, destaca a secretária da Mulher Trabalhadora e dos Direitos LGBTI+ da APP, Taís Adams.
A dirigente ressalta que o assédio às trabalhadoras permeia todas as instâncias da educação no Paraná, desde o Núcleo Regional de Educação (NRE) até às direções escolares, afetando professoras no dia a dia. “Somos tratadas como números e metas a serem atingidas, com nossa autonomia pedagógica reduzida. Mesmo nos dedicando ao máximo pela educação e pelos(as) nossos(as) alunos(as), somos desvalorizadas e assediadas”, afirma Taís.
Violência em números
A violência contra a mulher é uma questão pública que afeta diariamente meninas e mulheres de todas as classes sociais, idades e etnias. Entre janeiro e setembro de 2024, a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná (SESP/PR) registrou mais de 159 mil boletins de ocorrência por violência contra a mulher, evidenciando a gravidade da situação no estado.
Em 2023, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), apontou que 258.941 mulheres brasileiras foram vítimas de violência, um aumento de 9,8% em relação a 2022. As ameaças subiram 16,5%, com 778.921 mulheres registrando esse tipo de ocorrência. A violência psicológica aumentou em 33,8%, somando 38.507 casos, enquanto os registros de perseguição (stalking) aumentaram 34,5%, afetando 77.083 mulheres no Brasil.
Além disso, mais de 41 mil boletins de ocorrência foram registrados por violência sexual no país em 2023, um crescimento de 48% em comparação a 2022. O assédio sexual também é preocupante, com mais de 8,1 mil casos, um aumento de 28,5%. As tentativas de feminicídio subiram em 7,1%, atingindo 2.797 mulheres.

Perfil das vítimas
Em 2023, 63,6% das mulheres assassinadas de forma violenta eram negras e 71,1% tinham entre 18 e 44 anos. Nos casos de feminicídio, 63,6% das mulheres vítimas eram negras, enquanto 35,8% eram brancas.
Os números de acionamentos da Polícia Militar e de processos judiciais para medidas protetivas reforçam a dimensão da violência doméstica. Em 2023, foram 848.036 chamadas para o 190 relacionadas a esses casos, e 663.704 novos pedidos de medidas protetivas foram registrados, com 81,4% dos pedidos concedidos.

Diga não à violência! Canais de denúncia:
153 – Patrulha Maria da Penha (Disponível em capitais e algumas cidades, informe-se)
180 – Central de Atendimento à Mulher
181 – Disque Denúncia Estadual / Paraná
190 – Polícia Militar
Conheça a história
O dia 10 de outubro de 1980 foi marcado por um movimento que começou em São Paulo, quando mulheres reuniram-se nas escadarias do Teatro Municipal para protestar contra o aumento dos crimes de gênero em todo o país.
Dessa data, surgiu o Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher, que busca impulsionar a reflexão dos números da violência contra a mulher no Brasil e o que se tem feito para combater o problema.
* Com informações do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
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