Violência contra a mulher é tema da redação do Enem 2015

Violência contra a mulher é tema da redação do Enem 2015


Debater ou não questões de gênero na escola? Só em 2015, dois impasses em torno dessa questão pautaram as lutas da APP-Sindicato. O primeiro, em julho, quando o Sindicato saiu em defesa para que os Planos Estaduais e Municipais de Educação englobassem a temática de diversidade nos conteúdos pedagógicos. A APP queria que o racismo, o machismo e a homofobia fossem temas de debate a serem inclusos no conteúdo pedagógico das escolas públicas. Agora em outubro, mais uma vez o Sindicato sai em defesa dos direitos dos cidadãos e cidadãs e busca a retirada do ´PL da Mordaça‘, ainda em tramitação na Assembleia Legislativa.

Mas por que a APP-Sindicato defende que política, cidadania, machismo, racismo e homofobia sejam tratados na escola? “Simplesmente porque a escola não é um lugar isolado do mundo. As nossas crianças, meninos e meninas, sofrem e presenciam inúmeras formas de violência, todos os dias, e muitas vezes é na escola que isso é descoberto. Fugir desses debates é jogar a formação humana, os direitos dos cidadãos sempre para baixo do tapete”, explica a secretária de Gênero e Relações Étnico-Raciais e Direitos LGBT da APP-Sindicato, professora Elizamara Goulart Araújo.

As posições defendidas pela APP não estão díspares da realidade. Em consonância com essas defesas, estava a prova do Enem de 2015. Logo no início do caderno, os(as) alunos(as) se depararam com uma reflexão sobre o feminismo, apresentada em uma questão que citava a escritora francesa Simone de Beuvoir. “Machistas não passarão” esse é o meme que tem circulado nas internet para satirizar o fato de uma pensadora feminista ter sido usada como referência na avaliação. Mas a grande polêmica deste ano foi o tema da prova de redação: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”.

A proposta pedia que, além falar sobre o tema, os(as) alunos(as) apresentassem uma possível solução para o problema enfrentado diariamente pelas mulheres. Sim, isso foi suficiente para lotar as redes sociais de opiniões controversas sobre a prova. Houve, desde os que ironizaram a prova – e o problema da violência –  aos que acusam a equipe organizadora de tentativa de doutrinação partidária.”Discutir violência, política e preconceito não é uma questão de partido A ou B é uma questão de formação cidadã. Queremos estudantes que pensem, que sejam conscientes de seus direitos e deveres, bem como dos problemas da sociedade em que vivem”, defende Elizamara.

“Quando colocamos sete milhões de jovens para pensar e escrever sobre violência contra mulher, estamos recebendo a mensagem que, nós educadores precisamos usar toda nossa metodologia e conhecimento pedagógico para debater o tema na escola”, reforça a professora.

De acordo com dados do IPEA, 517 mil pessoas foram estupradas no Brasil em 2014. Destes, 89% eram mulheres e 70% são crianças e adolescentes. “A educação precisa sim discutir que a mulher ainda apanha, ainda é violentada e muitas vezes morta. Omitir é dizer que isso não é importante, ou que não existe”, reforça.

 

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