VII Conferência Estadual da APP começa com debate da educação

VII Conferência Estadual da APP começa com debate da educação


Foto: Joka Madruga/APP-Sindicato

A abertura da VII Conferência Estadual de Educação da APP-Sindicato foi abrilhantada pelo Coral da APP, que trouxe a musicalidade para inspirar o importante encontro de debates da categoria. Nesta sexta-feira (28) e sábado (29), a programação segue intensa e com repercussão na luta para a educação pública democrática paranaense e brasileira. O Espaço Reviver, no Rebouças, em Curitiba (PR), é o local central da Conferência.

É o demonstrativo da verdadeira responsabilidade em construir uma história com 70 anos de fundação. São experiências que representam a luta da classe trabalhadora da educação, com evoluções e conquistas do magistério que foram batalhadas para a sua efetivação na prática. Como diz a letra de uma música cantada no evento, que é uma coincidência para refletir: “O tempo passa e com ele caminhamos todos juntos sem parar. Marcas do que se foi. Sonhos que vamos ter. Como todo dia nasce novo em cada amanhecer”.

Para iniciar a programação, o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Leão, saudou a todos(as) participantes. “Estamos aqui para refletir o período histórico da escola pública. Somos protagonistas desse processo histórico. Se não aprendemos a estudar a nossa própria história decorremos em erros graves – da coletividade ao retrocesso. Hoje, colocando a educação no tema do mercado (o lucro), o processo dramático é fruto desta política que jamais teve um olhar de solidariedade ao povo. É grave o processo de retrocesso que estamos vivenciando. Queremos afirmar que o Brasil só vai se desenvolver a partir do sistema da educação pública. Viva a luta e a escola pública”, frisa o professor Hermes.

Enfatizando o agradecimento, a secretária Educacional da APP-Sindicato, professora Walkiria Mazeto, relatou sobre as 29 Conferências Regionais dos Núcleos e as Conferências Livres. “As propostas que forem construídas durante a Conferência resultarão em um documento público e que expressa o que defendemos para a educação pública do país, estado e municípios. Não só as nossas condições de trabalho, mas, como queremos e desejamos a educação aos estudantes”, destaca a professora Walkiria.

A leitura e a aprovação do Regimento – Momento fundamental com a explanação dos artigos para que o encontro prossiga regularmente, conforme a programação estabelecida e de conhecimento dos(as) mais de 900 participantes. Os objetivos específicos e os temas do Caderno de Debates também foram reforçados, assim como os encaminhamentos do trabalho durante a VII Conferência. Vale realçar que a transparência e a democracia estão sempre em primeiro lugar nos encontros promovidos pela APP-Sindicato. Serão 16 grupos de trabalho abordando os seguintes temas da educação:

1 – Participação, Organização, Controle Social e Gestão Democrática da Educação

2 – Financiamento da Educação

3 – Valorização, Formação e Condições de Trabalho dos(as) Trabalhadores (as) em Educação – Docentes

4 – Valorização, Formação e Condições de Trabalho dos(as) Trabalhadores (as) em Educação – Funcionários(as) de Escola

5 – Valorização, Formação e Condições de Trabalho dos(as) Trabalhadores (as) em Educação – Trabalhadores(as) Aposentados(as)

6 – Valorização, Formação e Condições de Trabalho dos(as) Trabalhadores (as) em Educação – Trabalhadores(as) das Redes Municipais

7 – Organização Curricular na Educação Básica – Educação Infantil

8 – Organização Curricular na Educação Básica – Ensino Fundamental

9 – Organização Curricular na Educação Básica – Ensino Médio, Educação Profissional

10 – Organização Curricular na Educação Básica – Educação Especial

11 – Organização Curricular na Educação Básica – Educação do Campo

12 – Organização Curricular na Educação Básica – Educação Indígena; Educação Quilombola

13 – Organização Curricular na Educação Básica – Educação de Jovens e Adultos

14 – Inclusão, Diversidade e Igualdade – Escola Sem Machismo

15 – Inclusão, Diversidade e Igualdade – Sem Racismo

16 – Inclusão, Diversidade e Igualdade – Sem LGBTfobia

Palestras que aproximam a trajetória histórica com a atualidade e dados copilados da pesquisa da CNTE. A educação e as suas segmentações marcadas por elementos impostos no mercado.

Willian Nozaki, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), sociólogo e economista – “A diferença da sociedade de classes é que as pessoas podem mudar de lugar dentro da sua trajetória de vida – mobilidade social. Nós acreditamos que podemos melhorar de vida. O aprofundamento da desigualdade com esse nível dramático atual faz com que se perca essa possibilidade de mobilidade social da sociedade de classes. Desajuste da democracia que toma conta do Brasil e de outros países. A quebra da lógica democrática desmonta a idéia de representação. Exemplo da campanha do Donald Trump com respostas reveladoras e assustadoras. O poder econômico se apresenta nas urnas sem mediação. Instabilidades econômicas, incertezas políticas e a sociedade em convulsão. Um ciclo vertiginoso marcado por uma sensação do tempo acelerado e que as coisas acontecem intensamente e, ao mesmo tempo, uma desaceleração do tempo. Discutir de forma mais intensa a questão de valores. Convivência ambígua de serviços da esfera pública e privada. O aprofundamento da crise também abre uma janela de representação de novas propostas baseadas em valores éticos e morais, e não mercantilistas”.

Gilmar Ferreira, secretário de Assuntos Educacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) – “Momento de intensificação de disputa de projetos e a educação se forma como objeto estratégico nesta disputa. Se não se promove a ideologia, o projeto não terá o alcance, assim como se não defendermos uma escola pública com condições gratuitas democráticas. Desenvolvemos uma pesquisa da CNTE sobre a privatização e a mercantilização da educação do Brasil. Uma frase muita citada foi: devemos criar uma rede de solidariedade contra a privatização da educação. Defender a política pública prevista nos Planos de Educação. A pesquisa nos desafia na questão das matrículas, de conhecer o orçamento e da nossa formação enquanto dirigentes sindicais. Precisamos defender uma escola pública, gratuita, laica e de qualidade”.

Confira a publicação na íntegra da pesquisa “Privatização e Mercantilização da Educação Básica no Brasil” aqui.

MENU