Vida longa ao nosso vampiro! 98 anos de Dalton Trevisan APP-Sindicato

Vida longa ao nosso vampiro! 98 anos de Dalton Trevisan

Em artigo, Cláudia Gruber resgata a trajetória e biografia do ícone da literatura contemporânea nacional

1925, Curitiba.

No domingo, 14 de junho, nascia Dalton Jerson Trevisan. Um dos filhos de João Evaristo Trevisan, dono da fábrica de louças, refratário e vidro que levava seu nome. Em 1945, Dalton sofreu diversos ferimentos no corpo e no crânio durante um incêndio na fábrica, onde trabalha por um período. O jovem ficou mais de um mês hospitalizado e, naquele momento, descobriu que era mortal. Nascia o escritor.

Filho da educação pública, Dalton estudou no Colégio Estadual do Paraná e na UFPR (formou-se em Direito).

1946, Curitiba.

Junto com o amigo Potty Lazzarotto e outros colegas como Erasmo Pilloto e Wilson Martins, criou a revista literária Joaquim. Dalton era editor, redator, divulgador, fotógrafo, colaborador, mentor e idealizador do veículo que chegava com uma proposta de revolucionar a literatura local. Joaquim teve vários ilustres colaboradores como Carlos Drummond de Andrade, Antonio Candido, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Di Cavalcanti, Candido Portinari, Otto Maria Carpeaux, entre outros. Ali, Trevisan publicou seus primeiros contos e ensaios. Depois de vinte e um exemplares, a revista é finda em 1948. Dalton continuou escrevendo. Sua literatura chegava aos(às) leitores(as) em formato de folhetins ou livrinhos em brochura. Hoje, verdadeiras raridades.

1959, Curitiba.

Chegava ao público Novelas nada exemplares. Primeiro livro do contista, que recebeu crítica implacável de Otto Maria Carpeaux pela ousadia do novato, a começar pela paródia já no título, que provoca Cervantes com suas Novelas exemplares. O principiante arrebatou logo de cara o tão cobiçado Prêmio Jabuti. Nasciam aqui nossos joões e marias, cidadãos(ãs) curitibanos(as) que viriam a se digladiar entre amores, paixões, traições, ódio e violência. Marcas registradas do autor, que aprimorou sua galeria de personagens limítrofes no decorrer dos anos. 

1965, Curitiba.     

Chegava a glória! O Vampiro de Curitiba alçou o contista à fama internacional, além de lhe render o apelido de “Vampiro de Curitiba”. Seu personagem Nelsinho sintetizou as múltiplas facetas masculinas e as infinitas guerras conjugais. De lá para cá, a produção foi intensa (45 obras) e fez de Trevisan um dos grandes nomes da literatura contemporânea brasileira. Além dos livros, as publicações em jornais e revistas literárias se multiplicaram e renderam a ele vários prêmios, entre eles o Prêmio Camões (Portugal) e o Prêmio Machado de Assis (ABL), ambos em 2012. 

2023, Curitiba.

Depois de quase dez anos sem lançar um novo livro (Beijo na Nuca é de 2014), só retornando às origens com livretos e folhetins para poucos privilegiados, chega a Antologia Pessoal. Presente antecipado de aniversário para seus leitores, a obra traz textos revisitados e textos inéditos. São um verdadeiro “bric-à-brac” do melhor que há do universo trevisânico. Obra necessária e imperdível, mas não podemos dar “spoiler”. Leiam e comemorem o 14 de junho!

  

Cláudia Gruber, mestra em estudos Literários pela UFPR e secretária executiva de Comunicação da APP-Sindicato. 

 

MENU