Começa nesta sexta-feira (6) o VI Ereja-Sul, voltado a debater propostas para construir uma Educação de Jovens e Adultos (EJA) que atenda às necessidades da população e das redes do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A abertura do Encontro, às 19h, terá a presença da professora Cláudia Borges Costa, diretora de Políticas de Educação de Jovens e Adultos da SECADI/MEC e conferência da Prof. Dra. Andrea Gouveia (UFPR) e da Prof, Dra. Rita de Cássia Pacheco Gonçalves (UFSC).
O encontro acontecerá no campus Reitoria da UFPR e tem como tema “Educação, Democracia e Participação Popular: Fundamentos para uma Política Pública Nacional de EJA”. As atividades prosseguem no sábado (7) e no domingo (8).
A APP integra o Fórum Paranaense de EJA e participa da organização do Ereja-Sul. É possível se inscrever gratuitamente para a solenidade de abertura, preenchendo esse formulário.
Delegações de todo o estado
Diversas regiões do Paraná marcam presença no evento. A delegação de Londrina, por exemplo, tem 12 integrantes, incluindo estudantes, professores(as) e a vereadora Lenir de Assis (PT). Segundo o professor Ivonir Ayres, integrante do Fórum Paranaense de Educação de Jovens e Adultos, a delegação traz propostas para construção de uma EJA que de fato atenda a quem precisa.
“A maioria daqueles que frequentam as escolas da EJA são trabalhadores e precisam ter uma oferta de organização que atenda às suas especificidades. Não é o caso da oferta atual. A atual oferta da EJA não é aquela que defendemos. Nós defendemos uma oferta que realmente garanta a presença e a permanência desse trabalhador e estudante nas escolas da EJA”, diz Ayres.
O professor enfatiza a importância de uma abordagem metodológica presencial na EJA, com a expansão da oferta, a contratação e capacitação de professores(as) especializados(as) para lidar com a diversidade de estudantes nesta modalidade de ensino.
“Nós trabalhamos com uma diversidade muito grande de sujeitos. Temos na mesma sala de aula senhores já com uma certa idade, jovens, adultos, inclusive adolescentes. Nós precisamos trabalhar com essa diversidade e é nesse sentido que nós estamos caminhando para este encontro para levar essas proposições e debater amplamente políticas públicas para a EJA”, afirma.
Paraná
Dados oficiais do Ministério da Educação (MEC) analisados pela APP-Sindicato revelam que de 2019, primeiro ano da gestão Ratinho Jr, até 2022, as matrículas da EJA caíram 59% na rede pública do Paraná. O desmonte da modalidade preocupa, já que, segundo o IBGE, o estado lidera o ranking de analfabetismo na região sul do país.
Em números absolutos, houve uma queda de 125.881 para 51.726 alunos(as) em quatro anos. Diminuiu também o número de escolas públicas que oferecem EJA. No Ensino Médio o governo acabou com a oferta em 27 escolas. Na EJA Ensino Fundamental o corte foi o dobro, sendo encerrado em 54 estabelecimentos.
Marco
O VI Ereja Sul vai reunir estudantes de EJA e do Ensino Superior, professoras(es) da Educação Básica e do Ensino Superior, gestores(as), representantes de movimentos sociais, sindicais e de ONG’s do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
As políticas públicas aprovadas em Curitiba serão levadas para o Encontro Nacional de Educação de Jovens e Adultos, que acontecerá no ano que vem, e depois discutidas com o Ministério da Educação.
A programação do sábado (7) começa com mesa de debate das 8h30 às 10h30, com o tema “Desafios para a Construção de uma Política Pública Nacional de EJA” e participação de Cláudia Borges Costa, Flávia Gonzales, Maria Herminia Laffin e Edinéia Fátima Chilante Navarro. Das 10h45 às 12h grupos vão se reunir por segmento: estudantes, gestores, professores, pesquisadores e movimentos social/sindical
Na tarde de sábado (7), das 13h30 às 15h30, os grupos vão se reunir por temas, que são: Da luta pela democracia ao direito à EJA: a educação libertadora e currículos emancipatórios na vida de estudantes da classe trabalhadora; Política Pública Nacional para a EJA: os investimentos e a garantia do direito à garantia do direito à educação da classe trabalhadora; e Ações dos Fóruns de EJA como instrumento político na luta pela democracia e pelo direito à educação pública: formação política, diálogo e inserção dos movimentos sociais.
As plenárias do EREJA Sul acontecerão na manhã de domingo (8), das 8h30 às 10h, no Anfiteatro 500 da UFPR. Das 10h00 às 11h30 acontecerá a Mesa Sabores e Saberes e às 11h30 o encerramento cultural.
Realidade
O Brasil tem 11 milhões de pessoas acima de 15 anos de idade que não foram alfabetizadas e, em torno de 70 milhões de pessoas jovens, adultas e idosas, que não concluíram a Educação Básica.
A oferta de EJA não atinge sequer 5% desta demanda. O Censo Escolar de 2022 revela que o total de alunos na EJA da educação básica caiu de 3.545.988 em 2018 para 2.774.428 em 2022 – uma redução de 22%.
A EJA representa o direito à educação do povo pobre, majoritariamente negro, que vive no campo e nas periferias do Brasil, a exemplo dos quilombolas, indígenas, ribeirinhos, privados de liberdade, sem-terra, sem teto, trabalhadores desempregados, trabalhadores que vivem na informalidade, em situações de rua, mulheres, pessoas com deficiências, população LGBTQIA+ e das juventudes, que têm em comum a condição de classe trabalhadora.