Misoginia e racismo em Cascavel: casal interrompe fala de funcionária de escola negra com ofensas APP-Sindicato

Misoginia e racismo em Cascavel: casal interrompe fala de funcionária de escola negra com ofensas

Coletivo de mulheres conduzia um debate alusivo ao 8M quando um homem saiu do meio do público e gritou "vão trabalhar vagabundas"

Um episódio de machismo e racismo explícitos marcou ato de mulheres realizado na manhã de domingo (5), em Cascavel. Na tradicional Feira de Teatro da cidade, o Coletivo 8M conduzia um debate alusivo ao 8 de Março quando um homem branco saiu do meio do público e gritou “vão trabalhar vagabundas”, além de “todes é o escambal”. Uma mulher que o acompanhava repetiu “vão trabalhar”.

A atitude criminosa aconteceu em meio à fala da funcionária pública Silvana Rodrigues, mulher negra que integra o coletivo. Ela foi interrompida quando abordava a condição desigual vivenciada pelas mulheres pretas e pardas e defendia a união de todas, todos e todes na luta por direitos e igualdade de gênero.

A APP-Sindicato repudia veementemente o ocorrido e exige rápida identificação e punição dos indivíduos responsáveis por mais esta violência contra as mulheres.

Fazemos coro, também, à declaração de Silvana à imprensa após o episódio. “É uma pseudo-elite, que acredita que só há desigualdade porque alguns não se esforçam. Mas os direitos não são iguais para todos. Uma atitude nítida e machismo e de racismo, porque quando você cala uma mulher preta isso é racismo. A ofensa machuca, dói, fere profundamente. Mas nós vamos continuar lutando”, afirmou.

Em nota, o Coletivo 8M ressaltou a mentalidade escravocrata e patriarcal por trás da agressão por parte de quem “julga que num domingo de manhã a mulher negra deve ir trabalhar e não ocupar um espaço de fala, e se o fizer é ‘vagabunda’.”

Marta Soligo, presidenta do Núcleo Sindical de Cascavel da APP e integrante do Coletivo, estava no ato e fez uso da palavra antes de Silvana. “Estamos identificando os sujeitos e registramos boletim de ocorrência. Situações como esta reforçam nossa luta e nos colocam cada vez mais no campo de batalha contra o racismo, contra o machismo e contra a misoginia, e contra qualquer tipo de violência contra as mulheres.”

Pelo Instagram, a Associação Feira do Teatro também repudiou o ocorrido, afirmando que “o racismo é prática intolerável em qualquer civilização e não condiz com os valores de nossa Feira.”

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