Um ponto negro no arco-íris

Um ponto negro no arco-íris


O que é mais fácil? Ser negro(a) ou ser homossexual? Parto dessa indagação para descrever duas situações de preconceito recorrentes em nossa sociedade. Vivemos em um país racista e que leva ao genocídio a juventude negra. Uma escola que não emancipa seus alunos(as) negros(as), uma escola onde as mulheres negras são inferiorizadas, onde há diferenças de tratamento no mercado de trabalho e o desrespeito à população negra se intensifica.  Com a comunidade LGBT  o quadro é o mesmo, a LGBTfobia é visível e continua matando muitos gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transsexuais.

Na escola que não assume sua laicidade a invisibilidade é gritante, pouco é feito para a acolhida e permanência da comunidade LGBT nos seus espaços, fica tudo engavetado. O Brasil lidera os índices de assassinatos da comunidade LGBT e o Estado do Paraná está no topo do ranking nacional. O grande algoz deste quadro de atrocidades e discriminação é o sistema capitalista que divide, segrega e inferioriza aqueles e aquelas que não se enquadram no esteriótipo do patriarcado heteronormativo branco e machista que dita padrões de estética e comportamento à sociedade.

Essa ditadura heteronormativa branca  e machista muitas vezes afeta o comportamento dos negros e da comunidade LGBT. À comunidade negra não cabe apenas a luta contra o racismo e o preconceito, deve internamente combater as práticas machistas e homofóbicas praticadas pelos negros.  O mesmo ocorre no movimento LGBT onde  frequentemente ocorrem casos de machismo e homofobia . Papéis são demarcados, é  recorrente o(a)  negro(a) ser visto como fetiche e muitas vezes usados para satisfazer prazeres sexuais. Outras vezes é visto de forma caricata e engraçada. Muitas vezes ao negro fica a indagação: “Além de preto é viado?”. O movimento social organizado precisa atuar em conjunto para lutar contra todo tipo de preconceito e discriminação. Entendendo que sua luta vai além das suas pautas específicas. Numa perspectiva de uma sociedade organizada e justa para todos e todas, livre de toda forma de preconceito e discriminação e com respeito às diferenças. Ser negro e ser gay significa atuar de forma direta como protagonista nas duas frentes, não perdendo o foco da luta contra o machismo, sexismo e toda forma de preconceito e discriminação presentes na nossa sociedade.

Luiz Carlos dos Santos – Professor. Coordenador do Coletivo Estadual de Combate à homofobia. Secretário de Gênero, Relações Étnico raciais e Direitos LGBT do NS Maringá

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