Há um ano, uma multidão de servidores(as) estaduais – em sua grande maioria, educadores(as) – celebrava a retirada dos dois projetos, de autoria do governo do Estado, que praticamente destruíam as carreiras do funcionalismo público do Paraná. No início da tarde desta sexta-feira (12), o fato foi rememorado. Durante uma entrevista coletiva, o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, acompanhado da presidenta do Sindarspen, Petruska Sviercoski, e do presidente do Sindijor, o jornalista Gustavo Vidal, falaram sobre o dia 12 de fevereiro de 2012. Após quatro dias de fervorosa manifestação, mais de 50 mil trabalhadores(as) protagonizaram um dos maiores embates da carreira dos trabalhadores(as) nos últimos anos.
Parecia cena de filme policial quando, no início da tarde, deputados e deputadas utilizaram camburões e até uma escolta armada para ultrapassar os portões cercados por manifestantes. Sob gritos de revolta dos(as) servidores(as), os(as) deputados(as) iniciaram a sessão legislativa que votaria os projetos impopulares. Acuados(as) no restaurante da assembleia, 44 deputados(as) deram início a sessão, enquanto, lá em baixo, manifestantes atravessaram os portões da Casa do Povo entoando o hino nacional. A mando do secretário de Segurança Pública do Estado, Fernando Francischini, a Tropa de Choque da Polícia entrou em ação e balas de borracha e bombas de efeito moral foram jogadas em meio aos(as) servidores(as). A situação ficou tão caótica que os(as) deputados(as) viram-se obrigados a suspender a sessão e retirar o “Pacotaço” da votação.
Para o presidente do Sindijor, relembrar os acontecimentos daquela semana é uma forma de refletir sobre o fazer jornalístico. “Defendemos a cobertura jornalística isenta. E, todo o tempo, nosso sindicato reafirmou a necessidade do respeito ao trabalho dos jornalistas, bem como a necessidade do espaço retratando as nossas lutas na mídia comercial”, destacou. Petruska Sviercoski, do Sindarspen, relatou outro aspecto. “Esta data passou a representar a força dos trabalhadores e trabalhadoras. Passamos, de forma inequívoca, sobre os acertos feitos entre a Assembleia e o Poder Executivo. Mas, de lá para cá, todas as categorias têm sofrido perseguições”, denunciou. Para ela, também é importante que, um ano depois, a imprensa ainda dê importância ao tema.
O presidente da APP argumentou que o saldo do movimento foi positivo. “Conseguimos acabar com o chamado ‘tratoraço’, bem como a retirada do projeto que atacavam a nossa tabela de vencimentos. Vale ressaltar que apesar de o governo, posteriormente, desrespeitar a data-base e a atacar a previdência, não conseguiu levar à cabo as suas propostas originais, que eram muito piores”, avaliou. Hermes também falou sobre o patrulhamento ideológico adotado pelo governo desde então e, por fim, sobre a campanha difamatória de criminalização dos salários dos(as) professores(as). “Algo lamentável. Usar, de forma criminosa e panfletária, os canais de comunicação institucionais para disseminar esta farsa. Felizmente, a Justiça reconheceu o abuso e obrigou o governo a se retratar”, informou.
De acordo com o presidente da APP, em 2016 a resistência da categoria vai continuar. A entidade participará da mobilização nacional, em março, em defesa do cumprimento da Lei do Piso em todo o país. No Paraná, o governo deve, aos(às) professores(as), 7,75% do PSPN. Além disso, a dívida, das promoções e progressões relativas ao ano passado já chega aos R$ 103 milhões. A categoria também é contrária as terceirizações no serviço público, a militarização das escolas e o combate as práticas antissindicais adotadas, e que estão sendo gestadas, pelo governo. “Nossas escolas permanecem como território de luta. Foi com muita mobilização que conseguimos sustentar a eleição das direções das escolas. Toda a luta que nós fizemos, ano passado, e que devemos continuar, este ano, é baseada em uma forte pauta, amplamente aprovada pela nossa categoria em assembleias”, definiu.