Trio de bilionários que afundaram Americanas compram parte da Copel APP-Sindicato

Trio de bilionários que afundaram Americanas compram parte da Copel

Estatal foi vendida pelo governador Ratinho Jr. em processo marcado por falta de transparência e sem diálogo com a sociedade

Com privatização, governo não tem mais o controle acionário da Copel - Foto: 3G Capital

A empresa 3G Radar, que está no centro da polêmica do rombo das Lojas Americanas, é uma das agraciadas com a venda da Copel, que foi privatizada pelo governador Ratinho Jr. nesta semana. A informação foi divulgada pelo portal Plural.

Pertencente a Jorge Paulo Lemann e seus sócios, igualmente bilionários, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, a empresa adquiriu 85.163.700 ações da Copel. O montante equivale a cerca de 5,07% das ações preferenciais de emissão da ex-estatal.

Desde o começo do processo de privatização da companhia, havia rumores de que o grupo de Lemann, que também fez uma aquisição importante de ações da Eletrobras, tornando-se o maior proprietário de ações preferenciais da antiga estatal nacional, seria um dos principais compradores da Copel.

A venda da Copel, uma das empresas mais lucrativas do estado, está no centro de uma das maiores polêmicas envolvendo o governo Ratinho Jr. Com a operação, o governo do Paraná perde o controle da empresa, que passa a ter suas ações pulverizadas entre os investidores. 

A privatização foi aprovada de forma acelerada pela Assembleia Legislativa, no final da legislatura anterior e sem discussão com a sociedade. A votação aconteceu no dia em que as atenções estavam voltadas para a estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo de futebol. Foram 35 votos favoráveis entre os(as) 52 deputados(as).

O Tribunal de Contas do Estado (TCE), a partir de um requerimento do conselheiro Maurício Requião, chegou a suspender temporariamente o processo de desestatização da companhia no começo de agosto, porém o presidente da corte, Fernando Guimarães, derrubou a liminar, autorizando o governo a prosseguir com a operação.

Em sessão do TCE realizada no dia 9 de agosto, a procuradora-geral do Ministério Público de Contas, Valéria Borba, criticou duramente o processo de privatização da empresa. 

“Se a Assembleia teve uma renovação de 40%, como poderiam votar a venda da Copel? Isso me assusta, porque eles já estavam sem respaldo. A partir do momento que se vende esse controle acionário, estão vendendo o orgulho do Paraná”, criticou a procuradora.

Bilionários no centro de escândalos

Recentemente, a empresa 3G Radar esteve envolvida em um escândalo no escândalo da gigante varejista Americanas. Em janeiro deste ano, foram identificadas inconsistências em lançamentos contábeis dos exercícios anteriores, incluindo o de 2022, da ordem de R$ 20 bilhões.

Os três bilionários não estão envolvidos apenas no escândalo das Americanas. Em 1998,  Lemann, Telles e Sicupira foram obrigados a vender o Banco Garantia Credit Suisse First Boston. Na época, o banco quase quebrou por conta de um erro estratégico de gestão.

Já em 2013, a 3G investiu US$ 28 bilhões na aquisição da gigante do ramo alimentício Kraft Heinz. O que parecia ser um grande investimento, acabou se tornando mais um problema, já que a Securities and Exchange Commission (SEC), reguladora do mercado de capitais nos Estados Unidos, acusou a empresa por erros contábeis.

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