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Diante da ameaça de fechamento do Colégio Djalma Johnsson em Colombo, estudantes, pais, mães e a comunidade escolar realizaram, nesta quinta-feira (9), uma manifestação para demonstrar o descontentamento com a medida autoritária da Seed.
Funcionando há 16 anos no bairro Rio Verde, o colégio é referência, já que a localização e aulas extracurriculares, a exemplo do taekwondo, são carros chefes da unidade.
Presente na mobilização, a APP-Sindicato reforçou a importância de questionar a narrativa do governo, que insiste em apontar que a escola será transferida e não fechada, como é o caso.
“É importante dizer e reafirmar que é um fechamento de escola. Não é transferência quando se propõe uma mudança para mais de 5 km do local. O governo mente para a comunidade quando fala que é transferência”, questiona o presidente do Núcleo Sindical Metronorte, Vandré Alexandre.
Além da mobilização, a comunidade está coletando assinaturas em um abaixo-assinado, que deverá ser entregue à Seed. Até o momento, o documento já tem mais de 600 assinaturas.
Com um cartaz cobrando a permanência do Djalma na região, Taís Ribeiro, mãe de estudante, conta que a mudança afetará diretamente a sua rotina, já que a escola fica a menos de 100 metros de sua casa. Com a mudança, a mãe ainda não sabe o que fará com a educação da filha.
“Não queremos que a escola saia daqui, pois estamos próximos das crianças. Se acontece alguma coisa, posso chegar de forma rápida à escola. Agora, se tirarem daqui, eles falaram que teria um transporte, mas não sabemos se isso é verdade. Nossa indignação é por isso, tirar nossa escola, que é do nosso bairro e atender outro bairro”, conta Taís.
Liliane Canestraro, também mãe de estudante, lembra que a escola mais próxima, o Colégio Cívico-militar Alfredo Chaves, fica a 2 quilômetros de sua casa e não tem mais vagas, já que a fila de espera só abrirá em janeiro.
“Eles não sabem quando terá vaga no Alfredo Chaves, então nossos filhos terão que estudar lá (Djalma Johnson) até sair a lista de espera daqui. Meu filho mais velho estudou aqui até o 9º ano, depois foi pro Alfredo e ficou metade de um ano lá, só que a escola é militar e o ensino nem se compara com o ensino dos professores do Djalma”, reforça a mãe.
Entenda a polêmica
De acordo com pais, o fechamento da escola foi anunciado no último dia 31 em reunião com o Núcleo Regional de Educação da área Metronorte. Na ocasião, a gestão afirmou que a escola será transferida para a região do Guaraituba, cerca de 5 quilômetros de distância, em um espaço onde funcionava uma escola particular.
A mudança deve interferir negativamente no cotidiano dos(as) estudantes, já que na região têm apenas uma escola que funciona no modelo cívico-militar e muitos dos pais não querem que seus filhos(as) estudem neste formato.
Outro problema é sobre o projeto de taekwondo, já que caso os pais não consigam fazer o transporte, os(as) estudantes serão impedidos de continuar no projeto.
Thierry Alexandre de Paula, estudante do Djalma e integrante do projeto de Taekwondo, afirmou que o colégio foi importante para a construção de amizades e com o fechamento tem medo do futuro em outra unidade.
“Quando eu entrei na escola não falava com muita gente, mas aí a escola me apresentou tanto o projeto do taekwondo e o próprio ensino da escola, que é muito bom. Aqui focam bastante na educação do aluno, principalmente para um mundo social, não só o ensino formal e isso muda muito a mentalidade do aluno”, lamenta o estudante.
Para fortalecer a luta dos estudantes, a União Paranaense dos Estudantes participou do ato e garantiu que se manterá firme junto aos estudantes para derrubar mais essa medida draconiana de Ratinho Jr.
“O colégio é muito bem localizado para a comunidade, ele faz parte do dia a dia, faz com que os pais possam trabalhar. Então é um absurdo a Seed e o governo do Estado fazerem esse processo negligenciando a comunidade escolar, que tem que ser o principal fator. Hoje estamos juntos das Uniões Municipais dos Estudantes secundaristas e na construção da luta contra o fechamento de escolas”, frisa a presidenta da UPES, Mariana Chagas.
Câmara cobra esclarecimentos
Durante o ato, os(as) presentes denunciaram que o aluguel do novo espaço será de 57 mil reais, muito acima dos 8 mil e setecentos cobrados no antigo espaço.
Vale destacar que os responsáveis entendem que a escola precisa de melhorias estruturais, porém a mudança será prejudicial para a comunidade. Já a Seed aponta que por o espaço ser alugado, obras de reparo não podem ser realizadas no local.
Por conta das diversas dúvidas e falta de diálogo por parte da Seed sobre a mudança, vereadores(as) da Câmara Municipal de Colombo entraram com um pedido de esclarecimentos. O vereador e funcionário de escola Anderson Prego (PT) salienta que a Câmara seguirá pressionando a Seed por respostas.
“Nós estamos mobilizando na câmara, inclusive vários vereadores se manifestaram contra o fechamento aqui. Nós já fizemos requerimentos e há alguns anos já estamos lutando para que essa escola não seja fechada, já que esse é o segundo processo que a Seed abre de fechamento. Essa transferência para o Guaraituba é um fechamento sim, pois não atenderá a comunidade onde deve ser atendida”, conta Prego.
O Anderson Prego conta ainda que os(as) vereadores(as) estão mobilizando ações com a comunidade escolar, sindicatos e movimentos sociais, além de documentar cada passo. Uma denúncia no Ministério Público do Paraná (MP-PR) deve ser protocolada após todo esse trabalho.
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