Novos dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (17), mostram que o Paraná continua liderando o ranking de analfabetismo na região sul do Brasil.
O estado possui 4,3% da população com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever. No Rio Grande do Sul, a taxa é de 3,11%. Em Santa Catarina o índice é de 2,67%, o menor da região e também do Brasil.
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No Censo de 2010, a taxa de analfabetismo no Paraná era de 6,2%. Apesar da redução de 1,9 pontos percentuais em pouco mais de uma década, o estado ainda possui mais de 398 mil de pessoas analfabetas.
No RS a taxa foi de 4,5% para 3,1% (278,8 mil pessoas). Em SC a diminuição foi de 4% para 2,67% (165,1 mil pessoas). No Brasil, o indicador também caiu, saindo de 9,6% para 7%, representando a quantia surpreendente de 11,4 milhões de pessoas não alfabetizadas.
Entre idosos(as) taxa chega a 23,4%
Na segmentação dos dados por idade, os dados do IBGE mostram que o público mais afetado pelo analfabetismo no Paraná são os(as) adultos(as) e os(as) idosos(as). Os grupos de 15 a 19 anos, 20 a 24 anos e 25 a 34 anos apresentam 0,9% de analfabetos(as), cada.
A partir daí o cenário muda completamente, atingindo taxas de até mais de cinco vezes a média do estado. No grupo de pessoas com idade entre 55 a 64 anos, 6,74% não são alfabetizados(as). A taxa sobre para 15,48% entre que tem 65 anos ou mais e para 23,44% para quem tem 80 anos ou mais.
“Essas taxas de analfabetismo no Paraná demonstram o resultado das escolhas políticas do governo Ratinho Jr. e de seus aliados. A precarização da escola pública e das condições de acesso e permanência e desenvolvimento do processo educativo”, avalia a secretária Educacional da APP-Sindicato, Vanda do Pilar Santana.
Para a dirigente, a redução da taxa, até chegar a completa alfabetização em todo o país, é um cenário esperado pelas políticas educacionais construídas a partir das metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação. Mas no Paraná, ela aponta uma série de ações que caminham no sentido contrário dessas diretrizes.
“O fechamento de turmas e de escolas que ofertam educação para jovens e adultos é um dos grandes responsáveis por esse resultado. É função da Secretaria de Educação, em articulação com as redes municipais, ofertar as vagas e criar condições de acesso e permanência nas escolas”, explica.
Dados do Censo Escolar 2023, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) confirmam essas declarações e revelam o desmonte na Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Paraná promovido pela gestão do governador Ratinho Jr. (PSD).
Quando Ratinho Jr. assumiu o governo, em 2019, a rede estadual contava com 125.881 matrículas na EJA. No ano seguinte caiu para 102.498, desceu para 72.969 em 2021, 51.726 em 2020 e 31.743 em 2023. Os números mostram uma queda surpreendente de 75% no número de estudantes em apenas cinco anos.
Segundo a secretária executiva Educacional da APP-Sindicato, Margleyse Santos, a prioridade do atual governo não é oferecer educação pública de qualidade para toda a população, mas apenas manipular o Ideb a qualquer custo, para fazer propaganda política. A professora também cita o fechamento de turmas da EJA.
“Enquanto não houver políticas públicas educacionais de verdade, continuaremos excluindo nossos jovens e adultos. Hoje, no Paraná, vemos o fechamento de EJAs e a exclusão daqueles que necessitam de uma certificação. Precisamos que o governo cumpra a Constituição e a LDB, garantindo que todos e todas tenham o direito à educação”.
De acordo com os dados do Censo Escolar, em 2019 a rede estadual possuía 333 unidades com oferta de EJA. Em 2020 houve um pequeno aumento, chegando a 341. Mas, a partir do ano seguinte voltou a cair, com o registro de 321 escolas em 2021, 301 em 2022 e 283 em 2023. Até 2023, a perda acumulada chega a 50 estabelecimentos. Em 2022, foram 18 a menos.
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