Tabagismo, alcoolismo, excesso de peso e estresse são fatores de risco frequentes para doenças crônicas entre professores(as) APP-Sindicato

Tabagismo, alcoolismo, excesso de peso e estresse são fatores de risco frequentes para doenças crônicas entre professores(as)

Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são caracterizadas pelo alto ônus social, devido aos impactos que causam também na qualidade de vida e no trabalho

Tabagismo, alcoolismo, excesso de peso e comprometimento da saúde mental são fatores de risco frequentes para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) entre professores(as), aponta a pesquisa Fatores de Risco e Proteção para DCNT entre Professores da Educação Básica.

Doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas são exemplos de DCNT. Elas são um dos principais desafios de saúde pública, pois são as principais causas de morte no Brasil e no mundo

DCNT causam cerca de 35 milhões de mortes por ano e são caracterizadas pelo alto ônus social, devido aos impactos que causam também na qualidade de vida e no trabalho

Divulgada neste ano na Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, o trabalho produzido por pesquisadores(as) da UFMG e da Unimontes, levantou dados em 2016, bem antes da pandemia de coronavírus, o que sugere que a saúde dos(as) educadores(as) pode estar ainda pior.

O objetivo da pesquisa foi descrever as prevalências de fatores de risco e de proteção para DCNT e testar associações desses fatores com sexo, idade e satisfação com o trabalho. Os dados foram coletados junto a 745 professores(as) de Montes Claros (MG), de 21 e 67 anos de idade.

Entre os fatores de risco, observou-se entre professores(as) alta prevalência de substituição de refeições principais por lanches (91,7%), índice de gordura corporal elevado (89,4%), excesso de peso/obesidade (53,3%), sintomas depressivos (23,2%), estresse (40,3%), alto índice de gordura no sangue (24,3%) e hipertensão arterial (17,5%). 

Quanto aos fatores de proteção contra DCNT entre professores(as), a pesquisa constatou prevalências de consumo de hortaliças e legumes (68,3%), de ativos fisicamente (48,7%), dieta balanceada (43,1%), além da expressiva proporção dos que nunca fumaram (87,5%)

“Entre professores, os desafios da docência colaboram para a ocorrência de problemas de saúde física e mental, podendo colocar esses profissionais em risco diferenciado para determinadas doenças/condições que promovem o absenteísmo ou incapacidade de trabalhar”, diz a pesquisa.

Professores(as) apresentaram mais que o dobro de prevalência de sintomas depressivos, quando comparados(as) com os(as) adultos(as) brasileiros(as) investigados(as) pela Pesquisa Nacional de Saúde (23,2% vs 9,7%).

A pesquisa cita dados do estado de São Paulo que apontam a concessão de mais de 128 mil licenças médicas a professores(as) da educação básica em 2016, totalizando 2.901.529 dias de afastamento. “Os números refletem a sobrecarga a que são submetidos, pois o ritmo intenso de trabalho dificulta a adoção/manutenção de hábitos saudáveis”, aponta o estudo.

“Somando-se a isso, essa categoria profissional é comumente submetida a altos níveis de estresse e desgaste profissional (burnout), fatores também reconhecidos como de risco para muitas DCNT”, registram os(as) pesquisadores(as).

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Insatisfação com o trabalho 

Todos os sintomas psicopatológicos tiveram prevalência muito maior entre professores(as) insatisfeitos(as) com o trabalho quando comparados(as) aos(às) satisfeitos(as). 

O abuso da internet também foi muito mais prevalente entre professores(as) insatisfeitos(as), se comparados aos satisfeitos com o trabalho. “Já foi verificado que a adicção em internet esteve associada ao maior índice de transtornos do humor e à baixa autoestima, o que também favorece maior frequência de sintomas psicopatológicos entre os professores insatisfeitos com o trabalho”, registram os(as) pesquisadores(as).

A excessiva carga de trabalho poderia expor os(as) professores(as) à maior prevalência de sintomas de transtornos mentais. Nesse caso, a presença de outros fatores poderia estar envolvida, entre eles a pressão no trabalho, o apoio social deficiente e a falta de controle sobre o trabalho.

Entre professores(as) os sintomas de burnout não apresentaram diferença significativa entre os sexos. Considerando a faixa etária, o burnout atinge mais os(as) professores(as) mais jovens. A pesquisa estima que os(as) professores(as) mais velhos(as) estão mais capacitados(as) a lidar com as situações na sala de aula, pois podem contar com habilidades profissionais adquiridas ao longo do tempo.

Vantagens

O estudo mostra que a situação dos(as) professores(as) é melhor que a dos(as) adultos(as) brasileiros(as) nos seguintes fatores: consumo regular de hortaliças e legumes (68,3% x 36,5%), consumo regular de frutas/suco natural (47,3% x 24,1%) 13 , indivíduos ativos fisicamente (48,7% x 39%), tabagismo (20% x 9,8%) , ex-fumantes (10,3% x 21,2%) 13, consumo abusivo de álcool (2,4% x 18,8%), consumo regular de refrigerantes/suco artificial (4,6% x 15%), consumo de carnes com excesso de gordura (19,6% x 29,4%), assistir à televisão por mais horas (19,6% x 62,7%), diagnóstico de hipertensão (17,5% x 24,5%), diabetes (2,5% x 7,4%), excesso de peso (36,6% x 55,4%) e obesidade (16,5% x 20,3%).

Em contrapartida, professores(as) apresentaram pior situação que adultos(as) brasileiros(as) quanto ao consumo elevado de sal (22,8% x 15,6%) e à substituição de refeições principais por lanches (91,7% x 16,2%).

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