Nesta manhã de sexta-feira, dia 11, os(as) servidores(as) da educação e lideranças da APP-Sindicato participaram, junto com trabalhadores(as) de todo país, do Dia Nacional de Greves, que, em Curitiba, foi organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), em conjunto com outras centrais sindicais e diversas entidades dos movimentos sociais.
A concentração iniciou-se na Praça Santos Andrade e percorreu com caminhada e panfletagem até a Boca Maldita, na região central, unindo-se às diversas manifestações ocorridas simultaneamente pelo Brasil.
A presidente da Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT), Regina Perpétua Cruz, salientou que hoje é o dia nacional contra a retirada de direitos da classe trabalhadora, principalmente da PEC 241, agora 55. “Congelar salários por 20 anos de todos os servidores – nacional, estadual e municipal. Isso para nós é um retrocesso, pois sempre tivemos avançamos na classe trabalhadora”. Regina exemplificou mostrando que as pessoas que atendem nos postos de saúde e que já têm salários precários vão ficar como sem aumentos por tanto tempo, entre outros setores em que a situação se repetirá. “Outro questionamento sobre a reforma da previdência que impõe que todos devem trabalhar até os 70 anos. A PEC é inconstitucional e as manifestações [dos estudantes] estão acontecendo porque eles presenciaram quando os educadores levaram bomba no 29 de abril, e a APP é uma referência”, salienta Regina Cruz.
A paralisação de 24 horas busca reflexos de conscientização a todos(as) sobre as áreas primordiais para a sociedade e em defesa de diretos básicos que interferem diretamente na qualidade de vida. Sim, na luta para frear as reformas e “calosidades” impostas pelo poder. Manda quem pode e obedece quem tem juízo não é um ditado que recai sobre a APP.
“Estamos participando da greve nacional porque é o chamado de uma pauta muita agressiva contra o conjunto dos trabalhadores e para nós diretamente. Estamos nas ruas demonstrando a nossa total contrariedade contra a Medida Provisória 746, contra a reforma do ensino médio, contra as medidas de ajuste fiscal que penaliza os trabalhadores, a PEC 55 que vai reduzir investimentos exatamente nas áreas sociais que mais impactam para a ampla maioria do povo brasileiro”, enfatizou o presidente da APP, professor Hermes Silva Leão.
A APP retrata os projetos e reformas que afetam diretamente a educação e também todos(as) que estão inseridos como os(as) professores(as), funcionários(as) da educação, pais, mães e estudantes. Não é à toa que diariamente existem conflitos. E nesta sexta é hora de reforçar e se expressar para que cada vez mais as pessoas entendam a realidade da classe trabalhadora que tanto debate com o governo estadual e federal. A secretária de Funcionários(as) da APP, Nádia Brixner, destacou o que ocorreu com a mudança de governo através do golpe institucional. “Hoje é um dia de luta de todos os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, e nós da educação também estamos inseridos neste debate. Justamente porque temos uma pauta muito específica que ataca os trabalhadores e trabalhadoras e a educação pública como um todo. Nós não podemos nos calar diante dessas medidas do governo federal e também aqui no Estado que venha prejudicar a educação pública e por óbvio prejudicar o conjunto da classe trabalhadora”.
Como não protestar contra a corrupção quando o novo presidente Michel Temer, que assumiu em maio deste ano, e em tão pouco tempo já foram afastados três ministros da sua gestão? Pense e tire as suas conclusões. Duas estudantes já se posicionaram. Uma delas, a Luana, do Colégio Estadual Paulo Leminski, lembrou que “estamos lutando pelo nosso futuro e a PEC nos prejudica como estudantes e cidadãos. Temos que apoiar os educadores e representar os colégios, independente das pressões. Quero mostrar que ainda estou na luta, pois não é porque os colégios foram desocupados que a luta acabou”. Já a Fernanda, do Colégio Estadual Rio Branco, acrescentou que “o movimento começou porque somos contra a PEC e a MP, é necessário mostrar e temos que incomodar para que nos escutem, com isso já conseguimos fazer um ato dentro do Senado”.
No Paraná, outras ações aconteceram nas diversas regiões do Estado.
Confira as tramitações:
1) MP 746/16 reforma o ensino médio e impede o debate com a sociedade na formulação das políticas de interesse coletivo e de diálogo com os movimentos sociais da educação.
2) PEC 55/16 ameaça investimentos em serviços públicos primordiais por pelo menos 20 anos, acreditando-se que é uma forma de “reequilibrar” as contas públicas, consideradas prioridades do atual governo. Entre as medidas previstas para o não cumprimento dos limites estão: suspensão de realização de concursos públicos, criação de novos cargos, contratação de pessoal e sem aumento a qualquer membro(a) ou servidor(a) do órgão.
3) PLC 54/16 acentua o congelamento de aumentos ou ajustes de remuneração; suspensão, admissão ou contratação de pessoal; redução em 10% das despesas com cargos de livre provimento; contabilização das despesas com terceirização de mão de obra e outras formas de contratação nas despesas de pessoal; transferência de bens e participações acionárias dos Estados para a União, além da impossibilidade de governadores(as) concederem reajustes salariais no prazo mínimo de dois anos.
4) PL 867/16 – “Lei da Mordaça” defende que os(as) professores(as) não são educadores(as), e que “formar o cidadão crítico” é sinônimo de “fazer a cabeça dos estudantes”. Sendo assim, é um projeto que exclui o caráter educacional, um verdadeiro “atraso” ao ambiente escolar com liberdade de expressão.