O repasse de verbas aos quinze hospitais prestadores de serviço do Sistema de Atendimento a Saúde (SAS), referente aos atrasados até o mês de outubro de 2014, foi feito apenas terça-feira (27) pelo governo do Paraná. Por causa da falta de pagamentos, hospitais pararam de atender os servidores e servidoras públicas em todo o Estado. Os meses de novembro, dezembro e continuam sem previsão de pagamento.
A suspensão de agendamento de consultas, exames e cirurgias está afetando os(as) servidores(as) e demonstra o descaso do governo com a saúde do(a) trabalhador(a). Apenas casos de urgência e emergência estão sendo atendidos atualmente. Consultas que já estavam marcadas foram suspensas sem previsão de data para reagendamento. Até ontem, alguns hospitais não estavam atendendo nem casos de emergência, ou seja, suspenderam totalmente os atendimentos.
A gente educacional II, Andreia Zargisli, está enfrentando uma situação difícil com a falta de atendimentos. Ela atua em Castro, no Núcleo Regional da Educação de Pato Branco, e faz tratamento regular pelo SAS. “Faço tratamento com neurologista desde 2007, inclusive com o uso de medicamentos contínuos e controlados. Minha medicação acaba no início de fevereiro e, sem consulta e receita, ficarei sem medicamento. Logo, sem tratamento!”, explica Andreia.
A professora do Núcleo Regional de Pato branco, Cledinéia Facim, também não consegue ser atendida. “Liguei no SAS no dia 20 de janeiro para uma consulta com o ginecologista e a atendente me informou que não estavam agendando consultas por falta de pagamento”, relata.
A agente educacional I, Sandra Carvalho, trabalha em Umuarama e também está com dificuldades para conseguir atendimento na cidade. “No dia 27 de dezembro minha filha precisou ser internada com urgência. O médico que atendeu ela pediu um exame de eletroencefalograma. Fui no SAS para agendar o exame e me falaram que o SAS não estava liberando nada devido a falta de pagamento dos médicos”, explica ela. Sandra também está indignada com a situação da saúde dos(as) servidores(as) no Paraná. “Só tenho a dizer que isso é um descaso com nós servidores que também pagamos nossos impostos em dia”, desabafa.
Ocimar Bissi, do Núcleo Regional de Educação de Cianorte, está sofrendo com o descaso que a saúde está enfrentando. Ela já tentou marcar consulta com oftalmologista e endocrinologista em sua cidade, mas não conseguiu. Pediu então que as consultas fossem agendadas em Maringá, no entanto ainda não teve nenhum retorno. “Já fui lá duas vezes e nada. Os médicos se descredenciam, dizendo que o hospital não paga. O hospital alega que o governo não paga. É um empurra-empurra que só”, desabafa.
A situação da saúde dos(as) professores(as) é pauta da luta da educação há muito tempo. O próprio governador Beto Richa já admitiu que “o SAS é um sistema falido”, mas continua se omitindo ao deixar os(as) servidores(as) públicos(as) enfrentando problemas para conseguir atendimento de saúde. Além disso, mais uma vez o governo está com as contas atrasadas e trata com descaso os(as) servidores(as) do Estado. Os depoimentos dos(as) educadores(as) demonstram como o corte dos atendimentos está prejudicando quem precisa de auxílio médico pelo SAS e que a falta de sensibilidade do governo com a saúde dos(as) trabalhadores(as) públicos(as) é evidente. Educadores e educadoras estão adoecendo em seus ambientes de trabalho, mas que não têm apoio quando procuram assistência médica.