Servidores gaúchos na luta! APP-Sindicato

Servidores gaúchos na luta!


31/08/2015 - PORTO ALEGRE, RS, BRASIL - Servidores unificados organizam próximas ações com a greve no Estado. | Foto: Caroline Ferraz/Sul21

Após receberem apenas R$ 600 em suas contas bancárias nesta segunda-feira (31), os servidores públicos do Rio Grande do Sul manifestaram sua indignação e detalharam as paralisações planejadas em coletiva de imprensa, na sede da Federação Sindical dos Servidores Públicos (Fessergs). Representantes de diversas categorias afirmaram que, embora o plano seja fazer paralisações por quatro dias, até o dia 3 de setembro, esse período ainda pode ser estendido.

“Eu não tenho memória de que algo tenha acontecido com essa magnitude, similar a isso, em 30 anos de sindicato”, afirmou o presidente da Fessergs, Sérgio Arnoud. Ele destacou que os servidores não têm como “pagar aluguel, comida transporte, sustentar suas famílias” com o valor que foi depositado. Mais cedo nesta manhã, o governador informou que irá pagar os salários em quatro parcelas, sendo a próxima de R$ 800, no dia 11.

Para Arnoud, a medida “afeta toda a sociedade gaúcha” e o apequenamento do Estado irá levar apenas a uma situação pior. “Queria também manifestar nosso repúdio pelo governador dançando na Expointer enquanto os servidores vivem o maior drama de suas vidas”, colocou. As atitudes do governador José Ivo Sartori (PMDB) ma abertura do evento neste fim de semana foram criticadas mais de uma vez pelos líderes dos servidores. “A falta de sensibilidade do governador é fantástica”, apontou Helenir Schürer, presidente do Sindicato dos Professores (Cpers).

Os rumos da paralisação ainda serão definidos ao longo dos próximos dias, afirmaram os servidores. “Essa primeira parcela inviabiliza qualquer servidor de trabalhar, porque alguns sequer vão conseguir custear seu deslocamento para o local de trabalho. Na Susepe muitos servidores não trabalham na cidade em que moram”, apontou o presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários (Amapergs), Flávio Berneira.

Ele indicou que os servidores podem vir a abandonar 100% do trabalho nos presídios, o que lembrou já ter acontecido anteriormente, situação na qual a Brigada Militar assumiu o serviço. “Agora, não sei como a BM irá se comportar, pois também tiveram salários parcelados”, destacou, afirmando que ainda nesta segunda-feira (31) isso pode ocorrer em três ou quatro casas penitenciárias. “Provavelmente teremos que deixar de respeitar os 30% obrigatórios, que pretendíamos cumprir”, afirmou.

Da mesma forma, Márcia Pereira Trindade, presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsama), também disse não garantir que a entidade consiga “segurar” os 30% em seus postos de trabalho. “Ele atacou a dignidade da pessoa humana. Não podemos ser moedas de barganha desse governador”, apontou. Os líderes ainda criticaram o fato de, mais uma vez, terem sido informados pela imprensa a respeito do parcelamento, sem que tenha acontecido um anúncio formal por parte do governo.

Por enquanto, o plano é manter a paralisação até esta quinta-feira (3) e “ir analisando”. Nesta tarde, porém, haverá uma plenária das 44 entidades para que seja feita uma avaliação do movimento. “As condições materiais podem dificultar também para chegarmos à escola. Isso será pauta da nossa reunião do conselho ampliado no dia 3?, afirmou Helenir.

Para Josué Martins, auditor público do Tribunal de Contas do Estado (TCE), as medidas adotadas por Sartori não irão solucionar a crise. “O governador está usando uma tática maldosa para aprovar aquilo que considera uma boa solução para a crise. Insensivelmente utiliza os servidores como massa de manobra para tentar sensibilizar deputados para aplicar seus pacotes”, afirmou. Apesar de considerarem bom o envio do projeto que amplia o limite para saques nos depósitos judiciais de 85% para 95%, anunciado pelo governo, servidores consideram a medida “tardia”.

Os servidores estão em estado de greve, o que significa que pode ser ampliada ou mantida, conforme explicou Josué. Embora pretendam fazer uma nova assembleia unificada, os líderes ainda não sabem quando ela será realizada. “Quando chegar dia 4, ainda vamos ter tido os salários parcelados, nem teremos recebido a segunda parte. Estaremos convivendo com a indignação”, apontou Flávio.

Durante a coletiva, o presidente da Fessergs recebeu uma ligação do senador Paulo Paim (PT), que marcou uma conversa entre os três representantes do Estado no Senado e o movimento unificado dos servidores para o fim da tarde desta quinta-feira (3), para discutir o projeto de lei protocolado por eles para tentar solucionar a dívida estadual com a União.

Com informações: Sul21

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