Estar em uma sala de aula, hoje, já não é a mesma coisa que há dez anos. E o futuro, então, promete ser ainda mais desafiador. De acordo com um relatório sobre a atratividade da carreira, feito pela Fundação Carlos Chagas, desde a década de 1980 a sociedade passa por transformações que alteraram profundamente as formas e relações de trabalho nos mais diversos campos profissionais. “Vive-se uma conjuntura histórica permeada por um cenário de relações sociais e de trabalho complexo e contraditório, que tem introduzido uma nova compreensão de carreira e de desenvolvimento profissional”, revela a pesquisa. E neste cenário, obviamente, inclui-se o magistério.
Em entrevista ao jornal Zero Hora, o ex-secretário de Educação Superior do MEC, Ronaldo Mota, relatou o desafio dos(as) professores(as) se colocarem no lugar dos(as) estudantes para entender como eles(as) pensam, aprendem e interagem com as tecnologias. “Cada pessoa aprende de uma maneira, e o nosso processo educacional parte do pressuposto indevido de que todos aprendem identicamente. As tecnologias digitais fazem parte da solução, mas a solução significa acoplá-las a tecnologias e abordagens que contemplem a perspectiva de que cada educando tem uma trajetória”, apontou Mota. Segundo o ex-secretário do MEC, a partir da percepção do perfil do estudante deve ser definida as trajetórias específicas de ensino.
As tecnologias impactam na forma de se ensinar e de se aprender. A didática comum aos currículos, engessados e padronizados, é questionada pela multiplicidade de fontes e informações acessíveis à palma da mão dos(as) estudantes. Maior acesso aos conteúdos não necessariamente traduz-se em maior aprendizagem, dai a importância do professor, não só no uso das ferramentas digitais, mas também na seleção e validação de conteúdos e de construção de pensamento critico nos estudantes. A velha máxima freireana de que ensinar e aprender exige criticidade e é mais do que válida em tempos em que as informações se multiplicam de forma avassaladora.
Aprender a pensar – Segundo especialistas, o uso das tecnologias como ferramentas de ensino aproxima a escola da realidade digital já vivida pelo estudante, o que potencializa o interesse e amplia as possibilidades de expressão. Auxiliaria, também, a organização de tempo do(a) professor(a) em sala de aula, ao possibilitar uma atuação como mediador e construtor de aprendizagens. Estas novas abordagens exigem, mais do que nunca, o respeito as trajetórias de vida e o igual respeito as diferentes formas de aprender e pensar. Destaca Ronaldo Mota: “O futuro da aprendizagem é o nosso futuro. O verdadeiro desafio de quem está desenhando um processo de aprendizado é preparar os alunos para um mundo que não podemos ainda imaginar como vai ser. Vai além de ministrar o conteúdo estrito senso (…)”. Trata-se de ensinar os(as) alunos(as) a pensar, o que os(as) permitiria se reconhecer como sujeitos históricos e ao mundo de forma crítica, de modo a intervir neste mesmo mundo, mudando a si e recondicionado a pŕopria história que se anuncia sempre como novidade.