Com o tema “Já FaLEI 10.639 Vezes Que Racismo é Crime”, a Secretaria de Combate ao Racismo da CNTE realiza de 2 a 4 de junho, o Seminário Nacional de Combate ao Racismo, em Brasília.
A APP-Sindicato participa do evento, representada pela professora Elizamara Goulart Araújo, secretária de Gênero, Relações étnico-raciais e Direitos LGBT, pelo professor Celso José dos Santos, secretário de Assuntos Municipais e pela professora Ângela Sarneski, coordenadora do Coletivo Estadual de Combate ao Racismo da APP.
Na abertura do evento, o presidente da CNTE, Roberto Leão, ressaltou que a escola é um lugar de libertação e não adestramento. “Escola é um local de debate de problemas do cotidiano que afligem os alunos, os pais, a cidade e o bairro onde eles atuam e moram. É um local que pretende formar cidadãos críticos e por isso é necessário que se debatam diversos assuntos, incluindo a questão racial.
Para a Secretária de Combate ao Racismo da CNTE, Iêda Leal, há uma expectativa muito grande em torno dos três dias de evento. “Temos representações de todos os estados no seminário, que estão fazendo um debate muito rico e se preparando pra o enfrentamento ao racismo”.
Quatro mesas simultâneas de debates com diferentes temas foram realizadas entre eles, “Educação escolar e estratégias de enfrentamento ao genocídio da juventude negra”, que teve como palestrante a estudante cotista de Engenharia Civil, Moara Correa Saboia e “Mulheres Negras e a educação escolar brasileira: em busca do bem viver”, conduzida pela Mestre em Ciências da Religião, Janira Sodré Miranda.
”A construção do bem viver na educação escolar passa pela sabedoria das nossas ancestrais, das mulheres negras que nos trouxeram até aqui e que nos permitiram hoje reivindicar cidadania e educação que seja significativa e afetiva”, ressaltou Miranda.
A estudante Moara, só a educação é capaz de salvar o jovem negro. “Segundo dados de 2012, no Brasil, morrem 30 mil jovens por ano e 77% são negros. A escola é o único equipamento estatal que o jovem tem acesso e que tem o trabalho de conquistá-lo antes dele se perder. Por isso, é necessário lutar pelo nosso espaço na educação e barrar o genocídio. As cotas dão oportunidade do negro transformar esta realidade”.
A Pós-doutora e ex-ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino, apresentou a palestra “O negro no Brasil e estratégias de combate ao racismo por meio da educação”. Lino destacou que “essas estratégias surgiram do movimento negro, quilombola, de mulheres negras e da sociedade brasileira denunciando o racismo e exigindo do Estado e, no caso da educação escolar, que se posicionasse diante desse fenômeno. Isso resultou em algumas políticas de estado que são estratégias de combate ao racismo institucionalizadas. Como a Lei Federal nº 12.711, de cotas nas universidades e institutos federais e a Lei Federal nº 12.990, que instituiu cotas nos concursos públicos”, enumerou.
O evento enfatizou a criação da Lei Federal nº 10.639/03, que foi aprovada em 2003 e que torna obrigatório o ensino de História e Africana e Afro-Brasileira nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. Essa lei tem o objetivo de promover uma educação que reconhece e valoriza a diversidade, comprometida com as origens do povo brasileiro.
“Ainda há muita intolerância e preconceito nas escolas de todo o país. É preciso existir uma mobilização dentro do ambiente escolar, para promover o debate sobre as diferenças e diversidades”, afirmou o professor do Departamento de Formação de professores da Faculdade de Educação da baixada fluminense, UERJ, Luís Cláudio de Oliveira, que foi conferencista da palestra “Revisando a Lei 10.639/03 – Tradição Africana, princípios civilizatórios de atuação contra o racismo e a intolerância religiosa no ambiente escolar”.
Para a mestre Janira Sodré Miranda, é necessário resgatar os feitos dos negros e lutar por uma sociedade antirracista “Nós vivemos em uma sociedade racista, onde a elite brasileira tem verdadeiro ódio da maioria negra. Nós temos uma educação racista, onde os livros didáticos não expõem toda a história dos negros. Toda a história é negada dentro da sala de aula”.
Lançamentos
No evento foi lançado, o eixo 4, fascículo 2, do programa de formação de dirigentes sindicais, com o tema, Educação para as Relações Etnicorraciais. O fascículo, que teve a coordenação da secretária de combate ao racismo da CNTE, IêdaLeal, é uma realização da escola de formação da cnte – esforce. C
O livro teve a equipe de pesquisa e produção de texto composta pela professora da Coordenação de Filosofia e Ciências Humanas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Janira Sodré Miranda, pelo professor do Departamento de Formação de professores da Faculdade de Educação da baixada fluminense, UERJ, Luís Cláudio de Oliveira e pela professora da Rede Estadual de Goiás, Roseane Ramos Silva.
Também foi lançado no seminário, o livro “Cadernos Negros – vol. 38 – Contos Afro-brasileiros, que reúne diversos contos de escritores negros Criado em 1978, pelo Grupo Quilombohoje Literatura.
Confira a programação do seminário na íntegra.
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Com informações de cnte.org.br