Seminário de Assuntos Municipais da APP debate os desafios da conjuntura com Emir Sader

Seminário de Assuntos Municipais da APP debate os desafios da conjuntura com Emir Sader


Começou hoje (02) em Curitiba, o III Seminário Estadual de Assuntos Municipais da APP-Sindicato, que reúne representantes das Comissões Municipais de Negociações, direções dos Núcleos Sindicais e sindicalizados(as) que contribuem no debate e atendimento às demandas de trabalhadores(as) em educação municipais.

Segundo o secretário de Assuntos Municipais da APP, professor Celso José dos Santos, o Seminário tem como proposta analisar a conjuntura política atual, tendo em vista as eleições municipais e como a pauta da educação será tratada pelas candidaturas para prefeito e vereador nos municípios paranaenses. “Neste Seminário nós temos dois pontos, construir um termo de compromisso a ser assinado pelos candidatos a prefeito e vereador dos 200 municípios que a APP representa, em defesa da escola pública e da valorização profissional, como também debater a estrutura de organização da APP-Sindicato em relação aos trabalhadores da rede municipal. Ao longo dessas próximas semanas nós devemos organizar as caravanas municipais que vão levar esses termos de compromisso e debater com os candidatos para que todos, assinem e se comprometam com a nossa pauta”, explica.

Convidado a falar na abertura do evento sobre os desafios da educação na atual conjuntura do país, o sociólogo e cientista político Emir Sader disse que a vanguarda na luta pelos direitos que hoje tomam as ruas em todo país é da APP-Sindicato. “Vocês educadores do Paraná, com a APP, foram os que começaram a virar a situação de luta de rua no Brasil. Até a mobilização de vocês há pouco mais de um ano só a direita que primava. Vocês começaram a sair, depois os estudantes começaram a sair e nós começamos a virar luta de rua. Foi fundamental. É historicamente importante não só pelo sentido da luta dos educadores, mas na luta política de resistência do Brasil”.

Emir ressaltou ainda que atual governo é autoritário, impopular, não quer ser e sabe que não será popular e se vale da maioria no parlamento, o silêncio do judiciário, os meios de comunicação e cada vez mais a repressão. “A luta continua, mas as formas de luta, o período político mudou. Nós somos oposição que temos uma responsabilidade importante, principalmente nós educadores, temos o privilégio de trabalhar com as ideias. Nós temos que voltar a criar um consenso no Brasil, de que a questão social é a questão fundamental do país e não as questões que eles colocam”. Ele relembra que a direita tem como questões fundamentais o consenso financeiro, de privatização, de corte de recursos de projetos sociais e corte nos direitos dos trabalhadores. “Quanto mais cortar, vai cortar dos mais pobres, vai tornar o país mais injusto, mais desigual, a luta é dura”, diz Emir.

Falando em eleição, Emir expõe a importância das eleições municipais 2016. “Essa eleição é muito importante porque é a primeira sem financiamento privado. Então há possibilidade de renovação razoável. Nas câmaras de vereadores há possibilidade de entrar jovens, mulheres, negros. Precisamos eleger pessoas que nos defenda e precisamos defender ferrenhamente as políticas sociais, porque elas são executadas a nível municipal”.

Segundo o sociólogo, o que vem por aí é uma ofensiva dura contra as políticas sociais com a renegociação das dívidas das prefeituras em troca de ajuste fiscal, de arroxo salarial dos(as) trabalhadores(as), de diminuição da quantidade de funcionários públicos e de recursos para as políticas sociais. “A luta é grande é grande e é a luta das ideias. É luta que nós estamos especialmente qualificados e responsabilizados a fazer. Porque é a luta do convencimento, da denúncia, das propostas alternativas e assim por diante. Por isso precisamos voltar a discutir as alternativas do país, a sociedade que nós queremos, que Paraná nós queremos, que cidade nós queremos, que escola nós queremos e assim por diante.”

Para ele é fundamental a militância compreender as iniciativas do governo, denunciá-las e ganhar as pessoas. “A linha divisória hoje não é mais quem está a favor ou contra o golpe, é quem está contra as iniciativas impopulares do governo. Não podemos conversar somente com quem está contra o golpe, temos que mobilizar e sensibilizar aqueles que são as principais vítimas das políticas governamentais, os educadores são, as políticas municipais são, os direitos trabalhistas estão em risco. Precisamos urgentemente fazer a luta das ideias”, afirma.

Para o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Leão, a fala de Emir Sader é muito importante devido ao difícil processo de construção do Brasil que queremos. “Estamos no mesmo barco e precisamos alinhar as nossas defesas, com certeza lutaremos melhor a partir da nossa qualificação. A presença do Emir vem para nos inspirar a continuar travando essa luta que é nas ruas mas também das ideias”.

Também aconteceu durante a abertura do Seminário o lançamento do “O Brasil que queremos”. Organizado por Sader, reúne artigos de diversos temas e autores – como democracia representativa, economia, Sistema Financeiro Nacional, tributação, sistema político, educação, saúde, meio ambiente e cultura, entre outros – na tentativa de debater questões do futuro do país.

O Seminário de Assuntos Municipais segue até a tarde de amanhã (03) com a construção da plataforma de compromissos dos gestores municipais, a organização das Caravanas Municipais e uma reunião do Coletivo Estadual de Assuntos Municipais para debater a organização de municipais na reformulação estatutária da APP-Sindicato.

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