Nos dias 28 e 29 de julho,os(as) educadores(as) participam da Semana Pedagógica nas escolas paranaenses. A APP tem a tradição de acompanhar e produzir materiais com temas que afetem diretamente a rotina e realidade da categoria.
Para essa semana pedagógica, a APP propõe o debate de dois temas que estão afetando os(as) educadores(as): lei da mordaça (Escola sem Partido) e assédio moral. De acordo com a secretária Educacional da APP-Sindicato, professora Walkíria Mazeto, estes são temas preciosos para a categoria no momento. “Nós estamos vivenciado tempos em que professores e funcionários de escola estão sendo proibidos de desempenhar, dentro de sala de aula e do pátio da escola, sua função de orientar e ensinar. Nós temos a função de trazer o conhecimento para os estudantes e o debate, para que eles possam construir sua consciência crítica e se tornem cidadãos atuantes nesta sociedade”, explica.
Assim como a APP já havia exposto para a categoria, este período tem sido de muita luta e resistência contra a retirada de direitos da educação pública. Projetos que afetam todos(as) os(as) servidores(as) públicos(as) já estão em discussão na esfera federal. Além disso, os ataques sistemáticos e constantes do governo do Estado também tem afetado a educação pública no Paraná. Para o presidente da APP, professor Hermes Leão, a categoria deve se manter mobilizada. “Estamos retomando o período letivo 2016 para um segundo semestre que promete e se anuncia de grandes lutas contra retrocessos e retirada de direitos”, comenta.
As escolas devem receber, nos próximos dias, o 30 de Agosto – edição Semana Pedagógica – para embasar os debates da categoria. A APP-Sindicato deseja um ótimo retorno a todos e todas. A luta não para.
Análise sobre o conteúdo a ser trabalhado na Semana Pedagógica de julho de 2016:
A Semana Pedagógica de julho de 2016, inicia-se com o trabalho conjunto entre docentes e funcionários(as) sobre o tema dos Direitos Humanos. Foi proposto, para leitura, o texto da professora Flavia Schiling, que faz parte do acervo de publicações do programa “Ética e Cidadania” do MEC. Retoma-se a análise do Plano de Ação da Escola, desta vez à luz de estudos teóricos e questões que envolvam ações para combater as várias formas de violências que aparecem no cotidiano escolar. Evidencia-se no texto, o reconhecimento de que a violência que se expressa no cotidiano escolar tem sua origem na discriminação, na criminalização de condutas, nas imposições do poder econômico e que a escola sozinha não será a “redentora da sociedade”. Entretanto, na retomada do Plano de Ação, as atividades ficam muito restritas à ação escolar e pouco se fala de uma ação do Estado e de suas outras instituições. Neste sentido, propomos que as escolas identifiquem, dentro das categorias de análise encaminhadas para mapeamento das violências no cotidiano escolar, as possibilidades de ação do setor da educação com outros setores do Estado e as direcione para a SEED de forma mais propositiva. No segundo dia da formação, é esperado que docentes e funcionários(as) trabalhem com temáticas específicas de sua função. Uma série de vídeos e temas tais como higiene pessoal e segurança no trabalho são sugeridas para os(as) Agentes I. O material destinados aos(às) Agentes I apresenta um enfoque infantilizado e reducionista do trabalho destes(as) profissionais na escola. Não há nenhum aporte novo ou uma reflexão mais aprofundada. No caso dos(as) Agentes II, os temas são ”a importância do servidor público e estudos de caso sobre depredação do patrimônio” com foco no estreitamento das relações com a comunidade. Infelizmente, ao se fazer o debate diferenciado entre professores(as) e funcionários(as) fragmenta-se a ação educativa, algo recorrente nas últimas semanas pedagógicas. Entendemos que os temas específicos dos(as) funcionários(as) são uma demanda deles(as) próprios(as) e como tais têm importância para a organização pedagógica, só que poderiam ser trabalhados em outros momentos durante o ano escolar. A escola deveria aproveitar a Semana Pedagógica para incluir integralmente os(as) funcionários(as) – Agentes I e II – no debate político-pedagógico, com as suas importantes sugestões para o Plano de Ação da Escola. Para os professores(as) é proposto uma copilação das ideias de Bernard Charlot, cujo tema reflete a relação do estudante com o conhecimento escolar. O autor francês dedica suas pesquisas a identificar os sentidos que estudantes e professores(as) dão à escolarização e ao espaço escolar. Em suas afirmações ressalta que “estudar a ótica do outro é a primeira lição que alunos e professores precisam aprender” para o sucesso no processo de ensino aprendizagem. Para Charlot, o conflito hoje se estabelece na medida em que o(a) professor(a) explica algo que não é compreendido. O(a) professor(a) culpa o(a) estudante, mas também sente-se fracassado em seus esforços. O(a) estudante por seu lado pensa que o(a) professor(a) não sabe ensinar e aí se dá a tensão que não está sendo efetivamente tratada no processo de ensino-aprendizagem e que geram processos agressivos. Assistir as aulas torna-se um protocolo a ser seguido para obter a diplomação que promete incluir aquele(a) indivíduo na sociedade do trabalho. No sentido atribuído à escola por nossos(as) jovens é que vemos o importante papel também do funcionário(a) de escola, uma vez que o estudo de Charlot constata que fora de sala aula (das provas e exames) o(a) estudante consegue estabelecer uma aprendizagem tão ou mais complexa e que se expressa nas suas relações interpessoais, na forma como ele(a) lida com seu cotidiano e que não necessariamente irá se expressar na formalidade das aulas. Nesta perspectiva, além do professor(a), é também educativo o papel do funcionário e da funcionária de escola, pois eles(as) podem, nas relações pessoais estabelecidas com os(as) estudantes, no dia a dia de seus trabalhos de atendimento à comunidade, ou até mesmo na limpeza das salas de aula, estabelecer vínculos com a vida dos(as) estudantes e contribuir com um processo de educação integral. Bom estudos à todos e todas! |