O Núcleo Sindical Curitiba Sul realizou nesta sexta-feira (12) o Seminário ‘Educação e Democracia – Em defesa da Escola Pública’ no auditório do Colégio Estadual do Paraná. O evento contou com a participação de Gaudêncio Frigotto. Doutor em Ciências Humanas e Educação pela UFRJ, Frigotto abordou as pretensões da chamada escola sem partido e outros temas relacionados à atual conjuntura.
“Política é a luta de quem está fora do direito para colocar suas necessidades em pauta. Assim é com o MST, movimento LGBT, negros, mulheres etc.” Para Frigotto, se a escola sem partido estivesse em vigor, todos esses grupos seguiriam sem espaço na sociedade. Foi graças ao debate político dentro e fora das escolas que se conseguiu ampliar os direitos sociais.
Para defender que as escolas e as(os) professoras(es) tenham liberdade sobre o que é ensinado, o professor da UFRJ vai além: “A escola não é do governador, não é do diretor, não é do Bispo. É de todos e, por isso, ela tem que ter o contraditório”, argumentou Frigotto sobre a tentativa de tentar padronizar o pensamento nas salas de aulas.
Sintoma – Todo esse processo não está alheio a tudo que vem ocorrendo no país. Para o professor, acabar com a política nas escolas faz parte de um processo em que a classe dominante tenta conter o avanço das conquistas sociais. “Essa proposta de acabar com a política trabalha com um grau máximo de despolitização: o medo. Medo de falar, medo de pensar diferente”, afirmou Gaudêncio, que lembrou que esse medo precisa ser combatido para que o enfrentamento de ideias seja feito.
Caminho – Mas como enfrentar esse avanço tendo em vista que a lei já está em vigor em estados como Alagoas e aparecem na pauta de outros tantos? Para Frigotto, tudo o que não podemos é agir como os que defendem a escola sem partido. “Nosso lema não é o ódio. Nosso lema é a justiça. O que queremos é radicalizar a justiça. O melhor caminho é o diálogo, seja com os que pensam como a gente como com quem discorda”, complementa o professor.
Caminho II – A chefe do departamento de Educação da UFPR, Andrea Caldas, também contribui com a discussão. Para ela, um dos caminhos para combater o avanço da escola sem partido é focar em suas contradições. “Como podem pessoas que pregam o estado mínimo defenderem que haja total controle estatal sobre o que é ensinado em sala de aula?”, indaga a educadora.
No pacote – Andrea também lembrou que a ideia de escola sem partido não está alheia à Reforma do Ensino Médio, que foi implementada por Michel Temer por meio de Medida Provisória, e disparou: “São mudanças que não dialogam com os tempos em que vivemos e que sequer servem para garantir empregabilidade para os jovens. Nesse sentido, até as reformas do regime militar foram melhores que a que aí está”.
Livro – O momento final do Seminário contou com o lançamento do livro Escola “sem” partido – Esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. A publicação foi organizada por Frigotto e conta com uma série de artigos sobre o tema. A promessa é que até a primeira quinzena de junho o livro esteja disponível na internet para que possa difundido e servir de combustível para as discussões Brasil afora.
Por: Marcio Mittelbach