A energia e a água do prédio que abriga o Núcleo Regional de Educação (NRE), no bairro São Francisco, foram cortados nesta terça-feira (1º). O local está ocupado por estudantes desde a última segunda-feira (31). A Polícia Militar foi acionada. Dispostas aos redor do prédio, as equipes impedem o ingresso de comida e de novos estudantes. No entanto, servidores, aposentados e pensionistas estão tendo acesa ao prédio, mediante liberação da polícia. Ainda não há um mandado de reintegração de posse do local.
A informação do corte de energia e água partiu de um membro da Procuradoria Geral do Estado e foi confirmada por policiais que acompanham a ocupação no prédio administrativo da Secretaria Estadual da Educação.
egundo o coronel Antonio Zanatta Neto, alguns aposentados estavam reclamando de abordagens dos estudantes. “Estamos abertos ao diálogo desde que saibamos com quem estamos falando. Nós só vamos conversar com quem sabemos quem é, que mostre o rosto e que a gente saiba o RG. Não sabemos se quem está mascarado é estudante ou vândalo”, afirmou.
Uma estudante de 17 anos que participa do protesto reclamou. “É uma absurdo. Fomos de manhã para acompanhar a reintegração e não pudemos voltar o prédio. Temos o direito de ir e vir. Assim como deixamos o pessoal da ParanáPrevidência entrar, deveriam ter deixado a gente. Não estão cumprindo a parte deles.”
Indagada se o protesto não estaria prejudicando o atendimento aos aposentados, a estudante contra-argumentou. “Pelo contrário. Estamos até ajudando os aposentados, porque os funcionários do ParanáPrevidência não estão querendo atender e nós estamos pedindo pra que eles sejam atendidos.”
Ocupação
O movimento Ocupara Paraná, também conhecido como Primavera Estudantil, ocupou o prédio do NRE, que fica na rua Inácio Lustosa, horas após o início do cumprimento das ordens de reintegração de posse de 25 escolas de Curitiba.
A repartição pública, que fica no mesmo edifício do ParanáPrevidência, foi tomada por cerca de 35 alunos. Eles garantiram que não iriam atrapalhar o trabalho dos servidores do ParanáPrevidência, mas a diretoria do órgão orientou os funcionários a deixarem o local.
Foi o primeiro prédio administrativo do governo a ser ocupado na capital – núcleos de três outras cidades do interior (Laranjeiras do Sul, Pato Branco e Maringá) chegaram a ser ocupados, mas já voltaram a funcionar normalmente.
A Justiça deferiu na última quinta-feira (27) um pedido do estado de reintegração de posse de 25 escolas. Até o momento, 20 escolas já haviam sido desocupadas pelos estudantes.
Nesta segunda-feira (31), sete escolas foram reintegradas: Etelvina Cordeiro Ribas, Flávio F da Luz, Guido Arzua, Iara Bergman, Protásio de Carvalho, Rio Branco, Teobaldo Kletemberg. Nesta terça foi a vez do Tiradentes e do Professor Cleto. E as outras dez, segundo a Secretaria de Estado da Educação (Seed), foram desocupadas de maneira voluntária nos últimos dias, sem a necessidade de notificação judicial. A próxima unidade a ser reintegrada será a Professor Elias Abraão, no Cristo Rei.
O Colégio Estadual Santa Felicidade também foi desocupado antes da notificação, mas a saída dos estudantes foi motivada pela morte de um estudante de 16 anos que entrou em confronto com um colega da mesma escola. Já o Colégio Estadual do Paraná teve sua reintegração suspensa até a próxima semana.
Os estudantes começaram o movimento Ocupa Paraná no dia 3 de outubro em protesto contra a Medida Provisória que reforma o ensino médio e a PEC 241, que limita um teto de gastos para o poder público de acordo com a inflação do ano anterior.
Autor: Raphael Marchiori, Marcos Xavier e Erickson Denk, especial para a Gazeta do Povo