Foi com debate público, na frente do Palácio Iguaçu, no Centro Cívico, que começou o segundo dia de greve dos(as) trabalhadores(as) da educação (18/10). A APP-Sindicato organizou um debate, pela manhã, voltado para toda comunidade escolar. No tema, a Medida Provisória 746/2016 do Ensino Médio e suas alterações na reorganização escolar.
A intenção foi de conversar diretamente com as mães, com os pais, com a comunidade escolar. Demonstrar os motivos que nos levam a repudiar essas medidas e como elas afetam a vida da população, especialmente a mais pobre. Será uma oportunidade para que as pessoas nos ouçam e também expressem suas dúvidas.
A professora Mônica Ribeiro, da Universidade Federal do Paraná, especialista em políticas educacionais e coordenadora do Movimento em Defesa do Ensino Médio, fez uma análise da MP. A professora fez questão de explicar as diferenças das propostas de modificação defendidas pelo Movimento, desde o governo Dilma, em 2014. “Quando a primeira proposta do projeto foi enviado, nós vivíamos um processo de normalidade democrática. Havia o debate e a tramitação, nas Comissões de análise eram respeitadas. Conseguimos fazer a retirada de tudo que era de mais grave. É fundamental debater melhorias, formas de inclusão e reorganização sim, mas não segmentar a educação em eixos e, muito menos, instaurar através de Medida Provisória”, explica Mônica.
Para os pobres o trabalho, para a elite, a ciência – Na fala, a professora ainda explica os maiores riscos de segregação social com a tramitação desta medida. “Quem de fato vai ter todas as perdas são os jovens de escola pública, não os de escola privada. Escutem o silencio da rede particular. Essa medida lhes favorece e muito. As escolas estão dizendo que a medida é boa, para defender que os alunos das escolas particulares largarão na frente dos demais. ‘Sou a favor porque piora a condição do outro’. Pensar assim, é de uma insanidade, de uma maldade que nos causa revolta. Ela altera toda estrutura pedagógica do Ensino Médio brasileiro. Ela propõe uma divisão em cinco ênfases. Mas engana-se o pai ou aluno que ache que isso dará formação ou liberdade, porque se prestarmos atenção no texto, nenhuma escola é obrigada a oferecer os cinco eixos de formação. Vamos ficar reféns, ainda mais, das vontades dos governos e dos patrões”, detalha a professora.
Participaram da mesa de debate o professor Luiz Belmiro, doutor em sociologia, o presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes), Mateus dos Santos e os representantes da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão e professora Walkíria Olegário Mazetto.