O acampamento montado pelo Fórum das Entidades Sindicais (FES) em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo do Paraná, para cobrar o pagamento da reposição da inflação devido aos servidores públicos do Estado, recebeu na noite desta terça-feira (12) líderes de quatro países para debater com educadores e a comunidade sobre a mercantilização da educação e o papel do cidadão na defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.
Os trabalhos foram mediados pela vice-presidente da Confederação dos Trabalhadores da Educação (CNTE), professora Marlei Fernandes, que agradeceu a presença dos convidados e destacou a união da classe trabalhadora de todo o mundo em busca de uma sociedade igualitária para todos. Anfitrião do evento, o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Leão, saudou a todos e ressaltou a resistência dos educadores presentes no acampamento pela data-base.
Secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Fátima Aparecida da Silva, fez uma breve apresentação das lideranças internacionais participantes do debate e comentou sobre a luta dos sindicatos e da sociedade brasileira em defesa da democracia e contra a mercantilização da educação pública no Brasil.
Secretário-geral da Internacional da Educação (IE), David Edwards, dos Estados Unidos, falou sobre o trabalho de investigação, denúncia e mobilização contra a privatização do ensino público no mundo. Segundo ele, empresas que atuam no ramo de publicação de livros estão se organizando em grandes corporações para monetizar o ensino. “Eles estão vendendo a ideia de melhora para a educação, mas na prática estão convertendo a escola pública em uma empresa. No lugar de estudantes, clientes, consumidores”, disse.
Secretário de relações internacionais da Confederação de Trabalhadores da Educação da República Argentina, (Ctera), o argentino Eduardo Pereyra falou sobre a luta dos(as) educadores(as) de seu país por melhores condições de trabalho, melhorias na qualidade da educação pública e de resistência às práticas neoliberais do governo de seu país. Segundo ele, a educação é o caminho para resolver os problemas das classes mais pobres na América-latina.
Encerrando as falas, o coordenador regional da Internacional da Educação para a América Latina (IEAl), Combertty Rodriguez, da Costa Rica, afirmou que a privatização do ensino público não é um tema novo. Segundo ele é uma onda que está mais acentuada no momento atual, articulada por setores econômicos para dizer o que tem que ser feito na educação e lucrar com dinheiro público. “Este modelo objetiva a aniquilação dos movimentos populares. Temos que ter claro que estamos em um dilema. Temos que mobilizar os movimentos sociais com mais velocidade em nossa articulação para barrar este processo. Não há outra alternativa”, disse.
Luta e resistência pela data-base – O acampamento da data-base foi erguido nesta segunda-feira (11). Os trabalhadores exigem da governadora Cida Borghetti (PP) a retomada do pagamento da reposição da inflação e o envio do projeto de lei concedendo o benefício para votação na Assembleia Legislativa do Paraná.
A data-base para reposição anual das perdas da inflação nos rendimentos dos(as) servidores(as) públicos do Paraná é no mês de maio. Desde 2016 o funcionalismo do Poder Executivo – professores(as) e funcionários(as) de escolas, funcionários(as) da saúde, agentes penitenciários(as), policiais e outras categorias – estão com os salários congelados por decisão do ex-governador Beto Richa (PSDB). A dívida com os(as) trabalhadores já está acumulada em quase 12%.
De acordo com o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Leão, os estudos orçamentários já comprovaram que o Estado tem condições financeiras e legais para cumprir o pagamento da reposição. Ele explica que o funcionalismo permanece em vigília para cobrar da governadora o imediato atendimento da reivindicação em respeito aos(às) servidores(as) e a população do Paraná.