Em resposta à última fala proferida pelo secretário da Educação, o empresário Renato Feder, a direção estadual da APP-Sindicato publicou uma nota condenando a política educacional da Secretaria de Estado da Educação.
Em teleconferência com os chefes dos Núcleos Regionais de Educação do Paraná, Feder se o aluno da rede estadual não tem um dispositivo com um webcam tem é que “se virar”, dar o seu próprio jeito, não contar com ninguém, deixar de mimimi e não cobrar nada das autoridades que deveriam cuidar da educação pública.
A APP-Sindicato destaca que mantém a orientação pela autonomia das escolas e dos professores(as) na condução das aulas, escolha dos instrumentos e métodos de interação como os estudantes diante das diferentes realidades e desigualdades e para que não se acate qualquer orientação de cunho autoritário. O Sindicato enfatiza ainda que acionará todos os órgãos de denúncia sobre essas ilegalidades na defesa da categoria e dos(as) estudantes.
Confira a nota na íntegra:
A última fala do secretário de educação, o empresário Renato Feder, que veio a público, ao tratar das aulas remotas emergenciais, especificamente ao se referir a “obrigatroriedade” das webcams abertas durante as aulas pelo Google Meet com o termo “se vire” em tom autoritário é a tônica de sua gestão empresarial na educação.
Seria espantosa a declaração, não fosse prática recorrente, método e projeto da linha de Feder, sua equipe e do governo Ratinho Jr na condução da educação pública paranaense.
Vivemos o pior período da crise pandêmica com suas dimensões sanitária e social com desdobramentos para toda população para a educação, oriundas da falta de políticas de atendimento, de vacinação e severidade, ou seja, falta de governo.
Os vários programas implementados pela SEED/EMPRESA, “Tutoria”; “Presente na Escola”; “Se Liga”; “Prova Paraná” que culminam com a obsessão pelo primeiro lugar no IDEB, entre outros, tem por fim implementar na escola o SE VIRE!
SE VIRE, sem direitos trabalhistas, sem carreira, sem reposição da inflação, sem estrutura e instrumentos tecnológicos adequados, sem insumos e condições sanitárias, etc.
É a materialização do todos contra todos e cada um por si. É a barbárie civilizatória do neoliberalismo radicalizado que pretende não apenas gerir o orçamento público educacional em nossas escolas, mas incutir nas comunidades escolares a cultura do SE VIRE, OBEDEÇA E CALE A BOCA!
Não é mera expressão, SE VIRE é o projeto neoliberal radicalizado e autoritário representado por Renato Feder na SEED e todo o método de ofensiva sobre a gestão democrática e gestão pública da escola pública.
Portanto, a fala do secretário simplesmente não tem sustentação, apesar de ser a expressão da violência da gestão neoliberal sobre a educação pública do Paraná .
Como um aluno(a) que não tem webcam e tão pouco recursos para tanto irá simplesmente SE VIRAR? Sem falar de todas as condições para que o mesmo até acompanhe as aulas desde a falta dos vários instrumentos até os ambientes, muita das vezes, insalubres das residências que representam a realidade de desigualdade social e que se aprofundam no período.
A APP-Sindicato mantém a orientação pela autonomia das escolas e dos professores(as) na condução das aulas, escolha dos instrumentos e métodos de interação como os estudantes diante das diferentes realidades e desigualdades e para que não se acate qualquer orientação de cunho autoritário.
É necessário se organizar coletivamente nas escolas e exigir a manutenção da autonomia e da gestão democrática das escolas e barrar o avanço do SE VIRE de Feder pela empatia, solidariedade e justiça social que representam a luta coletiva nas escolas públicas.
Reafirmamos que acionamos todos os órgãos de denúncia sobre essas ilegalidades na defesa da categoria e dos(as) estudantes.
Denuncie: [email protected]
Direção Estadual da APP-Sindicato
Curitiba, 19 de março de 2021.