O autoritarismo e a arrogância saem naturalmente dos limites se não houver controles externos. No Governo Ratinho Jr, Renato Feder encontrou o terreno ideal para expressar seu mandonismo e falta de conexão com a realidade, sem ser incomodado pelo chefe. Diariamente o empresário secretário da Educação dá mostras da sua incapacidade para o cargo, que exige ponderação, diálogo e respeito. A mais recente dele, mas infelizmente não a última, ocorreu durante uma teleconferência com os chefes dos Núcleos Regionais de Educação do Paraná, quando Feder expôs gratuitamente seu descontrole diante de adversidades e sua incapacidade de resolver problemas.
A teleconferência aconteceu na quarta-feira, com o objetivo de orientar os chefes de Núcleo. O que se viu revoltou todos os que lutam por uma educação pública de qualidade no Paraná. A teleconferência corria bem até o ponto em que o tema abordado foi a importância de que os alunos abram as câmeras de vídeo dos dispositivos que usam para assistir as aulas remotas. “É obrigatório! Obrigatório (sic) a orientação dos professores para abrir a janela! Ai, mas o aluno não tem webcam…ai mas o aluno não tem…Se vira!”, disparou o empresário.
Para impor seus pontos de vista equivocados, o empresário secretário da Educação não hesita em atribuir a outro as responsabilidades que são suas. Na lógica distorcida dele, se o aluno da rede estadual não tem um dispositivo com um webcam tem é que “se virar”, dar o seu próprio jeito, não contar com ninguém, deixar de mimimi e não cobrar nada das autoridades que deveriam cuidar da educação pública.
Desde o início do Governo Ratinho, Feder tem sido pródigo em análises tolas e afirmações bizarras, como a de que as escolas do Paraná são semelhantes as da Finlândia. A pandemia de Covid 19 piorou a atuação dele, que inicialmente queria impor a volta das aulas presenciais a qualquer custo. Quando ficou clara a estupidez de reabrir as escolas no pico da epidemia no Paraná, Feder voltou seu recalque especificamente para os servidores(as) da Educação, exigindo a presença deles(as) nas escolas, mesmo sem aulas presenciais.
A obrigação de comparecer ao trabalho na pandemia não poupou nem os profissionais do grupo de risco, com efeitos desastrosos e ainda não totalmente definidos. Um efeito desse descaso com as pessoas é o falecimento do agente escolar Flávio Clemente Rodrigues, que trabalhava no Colégio Paulo Freire, em Foz do Iguaçu. Flávio era cardiopata e diabético, mas foi obrigado a comparecer ao trabalho. Ele formalizou pedido de afastamento por motivos de saúde, não foi atendido, acabou se contaminando com o coronavírus e faleceu no dia 16 de março.
Com o tempo a realidade acaba se impondo às visões fantasiosas de Renato Feder, mas o custo de sua empáfia tem sido alto para a população, tanto do ponto de vista da Educação como da Saúde. Isso é o que acontece quando se impõe as ambições econômicas individuais aos interesses coletivos.