Em função da pandemia e da necessidade do distanciamento social, a saúde mental das pessoas é afetada, ocasionando um sofrimento e desgaste emocional. Preocupações como o medo, ansiedade, impotência, angústia, tristeza, entre outros se afloram e para profissionais da educação pública, a situação é agravada pela manutenção das aulas de forma online que trouxe vários desafios e dificuldades para os(as) educadores(as). Pensando nisso, a APP-Sindicato desenvolveu um projeto para acolher a categoria e auxiliar a amenizar a carga emocional.
O projeto surgiu a partir da campanha “Educar Sim, Adoecer Jamais!”, criada no ano de 2018, período que o Projeto Acolhimento Coletivo da APP-Sindicato foi uma proposta para realizar ações nas escolas para a prevenção e promoção da saúde dos(as) educadores(as). Segundo a assistente social, Nanci Ferreira Pinto, que participou da construção do projeto destacou que o projeto serve como um espaço para escuta, diálogo e expressão para a prevenção e promoção da saúde mental. “Para o desenvolvimento do projeto, foi contratado um profissional psicólogo e realizada capacitação com os dirigentes sindicais dos núcleos e os(as) profissionais que atuarão nas rodas de conversa”, enfatiza Nanci Ferreira.
Atualmente, os Núcleos Sindicais estão organizando as rodas de apoio com a coordenação de um profissional da área da psicologia ou serviço social juntamente com um dirigente sindical. Os encontros são realizados semanalmente ou quinzenalmente, tudo conforme a decisão de cada grupo. “Sugerimos a participação em torno de 20 pessoas para possibilitar maior espaço de fala para cada participante. A duração dos encontros é de 1h a 1h30 e é realizada online via alguma plataforma que possibilite a videoconferência”, conta a profissional.
A assistente social enfatiza ainda que os(as) participantes têm avaliado de forma positiva o espaço, já que o diálogo contribui tanto em relação ao enfrentamento da pandemia, quanto também com as dificuldades do Home Office. “Estamos todas e todos enfrentando um momento crítico que nos impõe muitos desafios que envolve a vida familiar, os nossos afetos, o trabalho nas suas várias dimensões, o pertencimento social. O distanciamento físico não pode se tornar isolamento social, precisamos manter a nossa capacidade dialógica para melhor ler as entrelinhas do contexto social e nessa leitura enxergar as possibilidades de transformação”, finaliza a Nanci Ferreira, que também deixou um trecho de Paulo Freire como mensagem:
É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar;
porque tem gente que tem esperança do verbo esperar.
E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera.
Esperançar é se levantar,
esperançar é ir atrás,
esperançar é construir,
esperançar é não desistir!
Esperançar é levar adiante,
esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…”