Richa, Francischini e coronéis são culpados por massacre

Richa, Francischini e coronéis são culpados por massacre


No dia em que completa dois meses do massacre sofrido pela categoria, o Ministério Público (MP) divulgou relatório sobre as investigações do dia 29 de abril. Como a categoria já esperava, o MP apontou excessos na ação policial e divulgou que está entrando com uma ação civil pública por atos de improbidade administrativa contra o governador Beto Richa, o ex-secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, e o ex-comandante da Polícia Militar, César Kogut. Além deles, o relatório aponta também o ex-subcomandante da PM, Nerino Mariano de Brito, o coronel Arildo Luís Dias e o tenente-coronel Hudson Leôncio Teixeira.

Durante coletiva de imprensa no Ministério Público, procuradores e promotores de Justiça envolvidos na investigação falaram sobre a violência policial que deixou mais 400 feridos no Centro Cívico. O Ministério Público colheu 581 depoimentos de servidores(as), estudantes, comunidade em geral, militares, profissionais da imprensa e demais pessoas que estavam na Praça Nossa Senhora de Salete. Os depoimentos foram feitos em Curitiba e outros 33 municípios do Paraná. Além disso, foram analisadas filmagens, fotos, reportagens impressas e demais provas que constataram o que aconteceu naquele dia. Os materiais foram enviados por veículos de imprensa e pela sociedade em geral que contribuiu por um email criado pelo MP.

De acordo com Procurador de Justiça, Eliezer Gomes da Silva, os fatos analisados não foram só do dia 29 de abril, mas também dias anteriores que já indicavam a operação realizada pela polícia. A investigação analisou a dinâmica dos procedimentos policiais, já que buscava entender, de maneira completa, o que aconteceu no dia. O relatório indicou, também, que não  haviam black blocs como afirmou o governador Beto Richa. Os procuradores e promotores destacaram ainda que, mesmo se houvessem black blocs, a polícia não poderia agir da forma como agiu e sim deveria conter o grupo isolado.

O Ministério Público destacou que direitos fundamentais foram feridos, como o direito de reunião e a livre manifestação do pensamento. Destacou também que foram violados princípios da administração pública do Estado e que foram causados danos à própria população com a ação da polícia. “A polícia é para o povo e não necessariamente contra o povo”, destacou o procurador Eliezer da Silva. O relatório constatou também que não houve ação violenta isolada de um ou outro policial. Aquelas ações policiais partiram de um conjunto de deliberações e, por isso, indicam uma ação planejada do Governo.

O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Leão, disse que a entidade vai acompanhar toda a investigação. “Nós continuamos acompanhando as próximas instâncias das investigações da violência contra os educadores no dia 29 de abril. Não vamos deixar que esse dia seja esquecido e que a truculência do governo fique impune”, destacou.

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