Richa e Rossoni requentam discurso acusando APP de partidarismo

Richa e Rossoni requentam discurso acusando APP de partidarismo


De acordo com o dito popular, a melhor defesa é o ataque. E o governador Beto Richa (PSDB) tem se mostrado adepto desta máxima. Nos últimos anos, nos momentos embate e cobrança, Richa – ou membros da sua equipe – sempre tira da manga a seguinte acusação: a APP-Sindicato é um braço do Partido dos Trabalhadores (PT). Com isto, tenta desqualificar a luta dos milhares de educadores(as) do Estado, tentando jogar na disputa política as críticas aos desmandos da sua gestão. Aparentemente, o governo acredita que, por exemplo, descumprir compromissos garantidos em lei ou usar de violência para reprimir manifestações democráticas seriam decisões governamentais acima de qualquer crítica. Se alguém se opõe a estes abusos, querem, então, apenas ‘desgastá-lo politicamente’. Veja, a seguir, vários momentos em que Richa tem usado o mesmo truque…

2011 a 2013
As conquistas efetivadas neste período materializaram a luta de anos. Foi com muito esforço que a nossa categoria obteve, no Estado, a aplicação do reajuste do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN). Também foi neste período que conquistamos os 30% de hora-atividade. Além disso, junto com as demais categorias, consolidamos o pagamento da correção inflacionária no mês de maio, após a conquista da lei da data-base no governo Requião.

2014
Primeiro semestre
O governador Beto Richa já demonstrava ter escolhido os(as) educadores como alvo. As negociações entre a APP-Sindicato e a Secretaria de Estado da Educação (Seed) não avançavam. Justificativa: ‘falta de recursos’. Houve fechamento de Centros Estaduais de Educação Básica para Jovens e Adultos (Ceebjas) e o fim de turmas do Ensino Médio por Blocos. A nossa categoria também cobrava que, finalmente, o governo colocasse em prática o novo modelo de atendimento à saúde – em substituição ao SAS – que vinha sendo discutido com o Fórum das Entidades Sindicais (FES) há anos. Além disso, havia a inaceitável decisão, do governo, de cortar auxílio transporte para os(as) educadores(as) afastados por licença médica. Foi a gota d’água. Por decisão da categoria em assembleias, a greve iniciou no dia 23 de abril e foi encerrada no dia 30 do mesmo mês. Foram sete dias intensos. Como resultado da mobilização, o governo recuou nos seus ataques, mas, desde então, passou a adotar publicamente o discurso de que a luta da categoria era apenas uma ‘manobra’ político-partidária para desgastar o governador.

Dezembro
Após ser reeleito, Richa volta com a corda toda. Encaminha, para a Assembleia Legislativa, os textos dos projetos de lei do chamado ‘pacotaço’. Entre outras coisas, o governo implementa o aumento do IPVA, do IPTU e do ICMS de mais de mil itens. Além de castigar a população para tentar amenizar o rombo nas contas do Estado, o governador mirou especificamente a nossa categoria: criou um projeto que tinha como objetivo acabar com as nossas carreiras. Para ‘coroar’ o ano, milhares de educadores(as) temporários, os PSSs, terminaram o ano sem receber os salários. O caos estava instalado. E a resposta do governo? A APP estava, mais uma vez, manipulando a realidade.

2015
Janeiro

O ano começou, literalmente, na luta. Em plena posse do governador, no dia 1º de janeiro, educadores(as) foram até a frente do palácio protestar contra a falta de pagamento dos salários. O governo contra-atacou, como esperado, alegando que era uma ação politiqueira do sindicato. O desespero na voz e nos rostos dos(as) educadores(as) que começaram o ano sem um centavo no bolso, por sua vez, mostrou claramente à sociedade que a verdade estava com a categoria, não com Richa e a sua equipe.

Fevereiro e Março
No dia 9 de fevereiro, a Educação entrou em greve. A paralisação continuou até 9 de março. Mas o ponto alto, que entrou na história da luta dos(as) trabalhadores(as) do Paraná e do Brasil, foi o dia 12 de fevereiro Uma multidão cercou a Assembleia Legislativa e conseguiu, dessa forma, impedir a aprovação do pacotaço que retirava direitos dos(as) servidores(as). Para entrar na Alep e votar os famigerados projetos, os(as) deputados(as) da base de Richa entraram na Casa Legislativa em um camburão. Outro fato que entrou para a história. Para se contrapor aos fatos escancarados, o governo, como sempre, diz que não fez absolutamente nada para provocar aquela reação. Que toda aquela mobilização era apenas uma ‘armação’ política.

Abril e Maio
Richa envia as medidas modificando a previdência – e que acabariam por bancar a conta do governo na reorganização do segundo mandato – para a Assembleia e a greve é retomada no dia 27 de abril. Milhares cercam a Alep. Eis o cenário para o Massacre do 29 de Abril. O mundo, chocado, viu as imagens de pessoas sendo brutalmente agredidas pelas forças policiais que garantiram a votação à revelia da vontade da população. Após 44 dias de intensa mobilização por todo o Paraná, a categoria decide encerrar a greve dos trabalhadores e trabalhadoras da educação em respeito aos alunos e alunas de todo o Paraná. No restante do ano, o clima de perseguição se acirrou. Perante a sociedade, mais uma vez, o governador se fez de vítima. Chamou a categoria de ‘baderneiros’ e disse que a violência, sofrida por nós, doeu mais nele… E, mais uma vez, tudo não passou de uma encenação politiqueira com a intenção de prejudicá-lo.

2016
No dia 29 de abril, um grande ato foi realizado em Curitiba, em memória ao ‘Massacre’ de um ano antes, reunindo cerca de 30 mil pessoas. Mais uma vez, a Educação leva às ruas as suas pautas. A dívida com promoções e progressões em atraso, com a categoria, passam dos R$ 270 milhões. Com atitude revanchista e maldosa, em uma flagrante prática antissindical, Richa e equipe decidem lançar a falta da data, mesmo a categoria se comprometendo em repor o dia. Sem nenhum acanhamento, Richa e equipe voltam a usar a mesma ladainha: ato não passou de uma manobra para desgastá-lo.

Matéria publicada na edição nº205 do Jornal 30 de Agosto

Isso vai fechar em 5 segundos

MENU