A APP-Sindicato se posicionou contra o protocolo de retomada das aulas presenciais apresentado pela Secretaria da Educação e do Esporte (Seed) nesta quinta-feira (30). O Sindicato vê com preocupação a ausência de posicionamento técnico da Secretaria da Saúde (Sesa) e o indicativo de que o governo planeja o retorno das aulas ainda durante a pandemia do novo coronavírus.
“Nós temos defendido que esse debate tem que partir dos indicadores da Secretaria da Saúde, porque o retorno da aulas presenciais só pode ser pensado com a pandemia controlada, para que não se agrave ainda mais a situação da doença no nosso estado e no país”, comenta a secretária de Finanças da APP-Sindicato, professora Walkiria Olegário Mazeto.
De acordo com Walkiria e a secretária Geral da APP-Sindicato, professora Vanda do Pilar Santana, as informações divulgadas pelo governo foram exibidas em slides e tratam de normas, procedimentos de higienização dos ambientes e medidas pedagógicas para o retorno das aulas. Questionada sobre a ausência de indicadores técnicos, a Secretaria da Educação teria informado que a Secretaria da Saúde só vai se pronunciar dentro de 15 dias sobre condições ideais ou previsão de retorno das aulas na rede pública estadual.
A entidade sindical também contesta a afirmação da Seed de que a proposta teria sido construída coletivamente. “Isso não é verdade. Nenhuma das entidades que fazem parte do Comitê teve acesso ao documento antes da reunião e não houve debate para a sua construção”, explicou.
“Não há condição de retorno das aulas durante a pandemia. Por isso, a APP-sindicato continuará exigindo um debate amplo e com indicadores, na defesa da vida dos trabalhadores da educação e de toda a comunidade escolar. Precisamos de garantias de segurança sanitária e epidemiologia, o que não temos no horizonte para os próximos meses”, alertou.
Contradição
A dirigente da APP-Sindicato destaca que chamou a atenção uma mudança no discurso do governo. Segundo ela, na primeira reunião do Comitê a Secretaria da Educação dizia que não tinha data definida para o retorno das aulas. Mas, na reunião de hoje, o argumento foi de que não se deve ficar muito tempo sem as aulas presenciais para não provocar evasão. “Isso é uma contradição à propaganda do próprio governo de que mais de 90% dos estudantes estariam frequentando as aulas não presenciais”, comentou.
Walkiria também alerta que a Seed planeja exigir a assinatura de um termo de responsabilidade dos pais e mães dos(as) estudantes que optarem pelo retorno das aulas presenciais. “Fica evidente que o governo está querendo lavar as mãos e transferir qualquer responsabilidade para as famílias. Neste caso, os mais pobres, que não têm as tecnologias e as condições ideais para o ensino não presencial serão, mais uma vez, penalizados pelo governo”, disse.