O empresário Renato Feder, secretário da Educação do Paraná, assinou na tarde de hoje (24) a Resolução n. 3.817/2020 – GS/SEED para obrigar os(as) professores(as) da rede pública estadual a ministrarem aulas on-line em tempo real. A decisão contraria promessa feita por ele, no mês passado, de que essa metodologia seria opcional. A APP-Sindicato considera a medida como mais uma demonstração de autoritarismo e desrespeito do atual governo com os(as) profissionais da educação e estudantes e suas famílias.
“O que o secretário prometeu, mais uma vez ele não cumpriu, ferindo a autonomia pedagógica dos professores e a gestão democrática, desconsiderando a realidade material dos professores que estão nas suas casas e não têm condições para realizar essas aulas on-line em tempo real. E ainda impõe aos professores e estudantes a condição de que se não realizarem vão levar falta. Ou seja, coloca a responsabilidade desse processo nos professores e nas famílias”, disse a secretária Educacional da APP-Sindicato, professora Taís Mendes.
Para a dirigente, a iniciativa de Renato Feder é um desrespeito aos(às) profissionais da educação, que têm se esforçado ao máximo para manter o vínculo com os(as) estudantes neste período de pandemia do novo coronavírus. “Temos que dar um basta neste autoritarismo. Não podemos continuar admitindo que a gestão democrática e autonomia pedagógica sejam atingidas. Isso que está sendo imposto é uma farsa, como se todos tivessem as mesmas condições. As desigualdades ficaram escancaradas nesta pandemia. Temos que ter respeito ao trabalho dos professores do Paraná”, afirmou.
De acordo com o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, a entidade já está mobilizando todos os esforços contra essa nova resolução da Secretaria da Educação e do Esporte (Seed). “A categoria está indignada com a falta de respeito do secretário Renato Feder e do governador Ratinho Junior. Tudo isso prova o que temos denunciado, que esse modelo de aulas remotas, feito sem diálogo com a comunidade escolar, não deu certo e que a Seed quer jogar a responsabilidade nos educadores. Vamos denunciar essa situação ao Ministério Público do Trabalho e tomar todas as medidas possíveis para defender a categoria e a educação pública do Paraná”, relatou.

Categoria reprovou plano
A imposição contida na resolução divulgada hoje foi anunciada por Renato Feder no dia 27 de agosto, através de uma live no YouTube. Anunciada como um novo plano para o ensino remoto, a proposta de obrigar os(as) professores(as) a ministrarem as aulas ao vivo de suas casas usando a internet teve reação negativa imediata.
Mais de 83% dos(as) profissionais(as) que interagiram com o vídeo manifestaram reação contrária ao conteúdo anunciado pelo secretário da Educação. Foram mais de 9,1 mil descurtidas e apenas 1,8 mil curtidas, além de milhares de comentários reprovando a ideia.
Após o término da transmissão, o acesso ao vídeo foi excluído e Renato Feder divulgou uma mensagem dizendo que ele e sua equipe respeitaram a manifestação da categoria e afirmando que a metodologia seria apenas incentivada para aqueles que tivessem condições de utilizar.
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A resolução
Pela resolução, os professores passam a ficar obrigados a realizar aula on-line em tempo real com os(as) estudantes, conforme convocação da direção e cronograma da instituição de ensino.
As aulas ao vivo devem ter duração mínima de 15 minutos, por disciplina, uma vez por semana, registrar a presença de, no mínimo, um estudante, e acontecer por meio do aplicativo Aula Paraná.
De acordo com o texto, a frequência dos(as) professores(as) será registrada mediante interação com os(as) estudantes, por meio de aula on-line em tempo real e quando convocado(a) pela direção da instituição de ensino.