Em reunião na noite de quarta-feira (9), a comunidade escolar do Polivalente disse não à tentativa de Ratinho Jr. de implantar, da noite para o dia, o modelo cívico-militar no tradicional colégio de Apucarana.
Apesar do fracasso da política de militarização no estado, o governo dobrou a aposta e iniciou uma nova ofensiva nesta semana em todas as regiões, informando e convocando comunidades escolares para consulta em prazos exíguos que inviabilizam o debate.
Ainda assim, a comunidade do Polivalente mostrou que é possível resistir. Educadores(as), estudantes, pais e mães lotaram a quadra coberta da escola e reprovaram a proposta por 274 votos a 230.
Educadores(as) portavam cartazes com dizeres como “O Polivalente não precisa de militar e sim de funcionários”. A mobilização denuncia a fraude educacional da proposta, que não ataca os verdadeiros problemas da rede e desvia o foco para questões tangenciais, como a suposta falta de “disciplina.”
O Polivalente é considerado um dos melhores colégios do NRE de Apucarana, com o quarto melhor índice do Ideb no Paraná, mas sofre com problemas crônicos, como a carência de quadros de Agentes I e II. Nada disso seria resolvido com a chegada de militares.
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Cultura do Medo
O Sindicato reforça a posição contrária ao modelo de escolas cívico-militares, pautado pela cultura do medo e pelo desrespeito à gestão democrática e aos profissionais da educação. Escola é para quem tem formação para educar, não para reprimir.
“A militarização das escolas do Paraná é uma política de cerceamento da liberdade de ensinar e aprender, da livre expressão, da criatividade e da consolidação da democracia”, avalia Vanda Bandeira Santana, secretária Educacional da APP.
“Também tem um viés ideológico de doutrinação a partir do pensamento único e conservador de sociedade, reforçando a meritocracia e a exclusão educaciona”, completa.
Em dezembro, o Ministério Público do Paraná se manifestou contra as escolas cívico-militares, ligando o modelo a “patrulhamento ideológico” e questionando a competência do Estado para implantar o modelo.
O ano de 2021 foi especialmente revelador das mazelas do modelo, com diversas denúncias de assédio sexual e moral, violência física contra estudantes e imposições obtusas como cortes de cabelo proibidos.
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