Desde 1947 o Sindicato faz a defesa dos(as) educadores(as) e da educação pública do Paraná, inspirando a luta do conjunto da classe trabalhadora no estado.
Razões de esperançar: educadores(as) que venceram a Covid-19
Profissionais da educação pública compartilham seus relatos de esperança e fé em tempos de pandemia
Desde o início da pandemia, o Paraná já registrou mais de 770 mil infectados pelo Coronavírus (dados em 18 de março). Deste total, quase 755 mil pessoas se recuperaram da doença. Por trás de tantos números, há vidas e histórias cheias de fé e de emoção, como as do professor Adão Aparecido Xavier, de Colombo. Adão é um destes vitoriosos na batalha contra a Covid-19.
No no final do ano passado, Adão passou 13 dias internado na Santa Casa de Misericórdia em Curitiba. “O ano de 2020 foi um grande desafio para todos. Eu estou atualmente na direção escolar e, durante a pandemia fizemos a entrega de alimentos e de material impresso para os estudantes. Foi um período de muito trabalho, onde tudo era muito novo para todos. Como estava em contato com pessoas na escola, tinha muita preocupação e fazia periodicamente o teste para proteger a minha vida e a vida dos demais”, relata
Foi em um desses testes que no dia 15 de outubro o professor recebeu a notificação de positivo. “Foi um baque. Foi o começo de um período muito sofrido. Logo fui internado e, apesar de nunca ter tido diabetes, os meus índices de açúcar ficaram completamente saturados. Tomei muito remédio e várias injeções de insulina. Os meus braços ficaram todos furados e doloridos”.
Apesar da situação de incerteza e da dor de quem está internado sem poder receber a visita de familiares e amigos, o professor manteve a fé na recuperação. “Procurei manter a minha mente ativa. Eu lia muito e mandava relatos do que estava lendo para familiares e amigos. Essa interação [pelo celular] me ajudou a enfrentar a doença com um olhar mais positivo”. Adão escolheu como companheiro de jornada o livro “365 dias com Paulo Freire”. Em uma das mensagens enviadas para amigos, escreveu:
“O diálogo é o encontro amoroso dos homens que, mediatizados pelo mundo, o ‘pronunciam’, isto é, o transformam, e, transformando-o, o humanizam para a HUMANIZAÇÃO de todos.” Paulo Freire. Tratar bem as pessoas sempre, independente da sua condição, origem, falar baixo com elas… brigar só se for muito preciso. Nas voltas da vida sempre reencontramos muita gente! Aqui hoje a enfermeira que está me tratando é filha da Professora Hilda de Português que trabalhou comigo no Genésio. Moram no Belo Rincão. Bom ver alguém que me lembra alguém. Já são oito dias aqui. Esse vírus ‘covidado’ veio sem convite e é muito enxerido que insiste em fica tomando conta do que não é dele. Mas não vou me entregar!”
O bilhete deixado pelo professor Adão para a equipe do hospital Santa Casa de Misericórdia (Arquivo pessoal)
As mensagens carregadas de humanidade foram sementes de esperança para o professor e para todos que torceram pela sua recuperação. “Hoje eu estou bem e por isso luto com ainda mais vigor pelas medidas de isolamento, pela segurança e pelo distanciamento social. Eu sei o quanto é dolorido estar lá. Esse tempo me fez pensar sobre o valor da vida e também a valorizar o trabalho dos profissionais de saúde”, emociona-se o educador.
A pedagoga Iolanda Pereira de Cristo celebrou sua alta, após 22 dias internada (Arquivo pessoal)
Assim como Adão a pedagoga Iolanda Pereira de Cristo, de Guarapuava também contraiu a doença e, hoje, recupera-se em casa das sequelas do vírus. “Comecei ter os primeiros sintomas (dor de garganta) no início de fevereiro. Com resultado do teste positivo, em dois dias eu precisei ser internada. Foram 22 dias de hospital, dos quais 15 foram na UTI intubada. Meu caso foi muito grave minha volta foi um milagre”, enfatiza a pedagoga.
“As correntes de oração, a energia positiva que mobilizou tantos amigos, familiares e conhecidos pela cidade foram essenciais para estar aqui hoje. Sou grata também ao atendimento que recebi no Hospital Regional, pois foi de excelência, encontrei lá verdadeiros anjos”. Para a Iolanda além da fé o processo de recuperação exige muita paciência e determinação. “Eu estou em casa há 3 semanas. Devido a intubação fiquei com a voz comprometida, mas a cada dia sinto melhoras. Estou fazendo fisioterapia e hidroginástica e logo, logo virá a minha recuperação total”.
Adão e Iolanda são retratos de que esperançar é um verbo que a categoria sabe conjugar muito bem. Esperançamos dias melhores com vacinação em massa para todos e todas. Defendemos e lutamos diariamente por uma escola segura e acessível para todas as crianças, jovens e adultos. Para que no futuro, esses sejam os(as) médicos, enfermeiros(as), professores(as) e funcionários(as) de escola que também enfrentarão com conhecimento e humanidade os próximos desafios.