Em apenas dois dias, o governo Ratinho Junior aumentou em 200% o valor de um contrato feito sem licitação, com uma emissora de televisão, para transmissão de aulas aos(às) estudantes da rede pública de ensino, durante o período de isolamento social, devido a pandemia da Covid-19.
As informações foram publicadas apenas de forma resumida no Diário Oficial do Paraná e os documentos completos do processo não estão disponíveis no Portal da Transparência. Na divulgação feita no dia 6 de abril, o valor era de R$ 900 mil. No dia 8, o contrato saltou para R$ 2.700.000 milhões. A contratada é a TV Record.
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De acordo com as informações encontradas até o momento, o projeto de ensino a distância do governo já destinou para empresas privadas cerca de R$ 24 milhões dos recursos da educação pública.
Desse total, a maior parte (R$ 21 milhões) vai para empresas de telefonia móvel, para o uso de dados pelo aplicativo Aula Paraná. Além do gasto com a Record, outros R$ 300 mil vão para a IP-TV LTDA, para a construção de uma “plataforma de streaming que dialogue com as operadoras de telefonia móvel”.
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Para o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, o governo está se aproveitando calamidade de saúde para acelerar o projeto de destruição da educação pública do Paraná. Segundo ele, as decisões têm sido tomadas por decreto, sem ouvir os(as) profissionais e especialistas da educação.
“Essa educação a distância que o secretário Renato Feder está impondo não foi debatida com a categoria. Não foi levada em consideração as realidades dos nossos estudantes e das nossas escolas. Portanto, é importante suspender o calendário e pensarmos juntos a melhor forma, para a categoria e para os estudantes, de fazer a reposição das aulas após o período de isolamento social”, afirmou.
EaD que não funciona
Implantado sem diálogo com a comunidade escolar, o projeto de ensino a distância do governo tem gerado transtornos e reclamações. O aplicativo Aula Paraná recebeu nota 1,5 na avaliação dos estudantes que fizeram a instalação da ferramenta.
Pelo aplicativo, estudantes também foram expostos a mensagem de pornografia e chamamento para suicídio coletivo. O caso foi registrado em Londrina e deixou pais(mães) revoltados.
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Já os(as) que conseguem assistir as aulas transmitidas pela televisão reclamam desde a qualidade da imagem até a metodologia, que não permite tirar dúvidas com o(a) professor(a).
Em nota, a União Paranaense dos Estudantes (UPES) também se manifestou contrária ao ensino a distância adotado pelo governo.
O Ministério Público aceitou denúncia feita APP-Sindicato contra a implantação dessa modalidade de ensino, que exclui os(as) estudantes que não têm recursos tecnológicos ou acesso a internet.
A secretária Educacional da APP-Sindicato, professora Taís Mendes, explica que o sindicato se posicionou contra a proposta de EaD e defende a reposição das aulas com a interação presencial entre estudantes e professores(as), após o fim do isolamento social.
“A imensa maioria de nossos professores não teve formação em educação a distância. Nossas escolas não estão organizadas e preparadas para realizar um planejamento em EaD. Como as nossas escolas vão orientar nossos estudantes? A imensa maioria dos estudantes não têm recursos necessários para realizar as atividades a distância”, explica.
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