Ratinho mente e ataca a luta dos(as) educadores(as) em defesa da vida APP-Sindicato

Ratinho mente e ataca a luta dos(as) educadores(as) em defesa da vida

Governador Paraná disse que Ministério Público e Judiciário estariam convencidos de que suas práticas ilegais são boas para a educação do Paraná

Governador Ratinho ataca direitos dos(as) servidores(as) públicos (as) - Foto: Divulgação

O governador Ratinho Junior concedeu uma entrevista nesta quarta-feira (27), onde confirmou que sua gestão é antissindical e autoritária na relação com o funcionalismo e com a administração dos serviços públicos. Nos cerca de 30 minutos de fala, Ratinho apresentou informações mentirosas e nenhuma medida para garantir prioridade na vacinação dos(as) professores(as), funcionários(as) de escolas e demais servidores(as) do Estado.

Questionado sobre a volta das aulas presenciais e a decisão da categoria de entrar em greve, caso não tenha vacina contra a Covid-19 para os(as) educadores(as) e estudantes, o governador disse que, desde sua posse, ganhou “todas as guerras” contra o sindicato que representa esses profissionais. “Nossas teses estão convencendo a população, o judiciário, o Ministério Público, de que aquilo que nós estamos implantando é melhor para os jovens e para os professores”, afirmou.

Para o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, a declaração é uma confissão de que Ratinho mentiu para os(as) servidores(as) durante a campanha eleitoral e continua usando as mídias e a imprensa para distorcer a verdade e destruir não só a educação, como todos os serviços públicos que atendem os(as) paranaenses.

“Durante a campanha o governador assinou uma carta prometendo pagar a data-base, dialogar e respeitar os servidores. Ele prometeu uma reunião com os sindicatos nos primeiros meses do seu mandato. Até hoje isso não aconteceu e dias atrás ele anunciou que não vai pagar a segunda parcela da reposição salarial do ano de 2019, de 1,5%, que vence neste mês”.

Para o dirigente, fica evidente que Ratinho não gosta de conversar e atender as reivindicações da classe trabalhadora. Segundo Hermes, o governador não valoriza os professores(as) e funcionários(as) de escola e impõe medidas sem diálogo e também não reconhece o sindicato. “Ao contrário do que disse o governador, nós não estamos em guerra. Queremos diálogo para melhorar a educação, mas de verdade, não apenas nos números”, disse.

Ao contrário da afirmação de Ratinho, várias ações do seu governo contra os(as) educadores(as) foram derrubadas pela justiça após atuação da APP-Sindicato e de instituições como o Ministério Público. Um dos exemplos foi a tentativa de cancelar, em massa, a sindicalização sem autorização dos(as) servidores(as). Nesta semana, o Tribunal de Justiça manteve a liminar em favor do sindicato, confirmando o caráter ilegal da medida assinada pelo governador.

A APP-Sindicato também ingressou no judiciário e conseguiu reverter a demissão sem base legal ou justificativa de 500 professores(as) PSS. O fato ocorreu no final de dezembro de 2019. No final do ano passado, após pedido da APP-Sindicato, a justiça reconheceu que os critérios utilizados pelo governo para não prorrogar o mandato de apenas alguns diretores(as) de escola, também contrariavam a legislação.

Ainda em 2019, depois de notícia de irregularidade apresentada pela APP-Sindicato, o Ministério Público expediu uma recomendação administrativa contra os editais dos colégios cívico-militares, por vários problemas, entre eles a cobrança de taxas e reserva de vagas para filhos(as) de militares.

Na entrevista, Ratinho se mostrou orgulhoso pelo programa de militarização de 200 escolas, que até 2020 eram democráticas. O que ele não disse é que não houve debate com as comunidades sobre esse modelo e que o ensino noturno será fechado nessas unidades, prejudicando jovens que trabalham durante o dia e educadores(as).

Segundo o governador, as escolas militarizadas teriam um resultado 20% melhor do que as escolas democráticas. A comparação é uma farsa, porque, na verdade, os colégios citados por Ratinho fazem processo seletivo para aceitar apenas os(as) estudantes com melhor nota, rejeitando os(as) que têm dificuldades.

Outra prova de que a afirmação do governador não corresponde com a verdade é que colégios democráticos da rede pública estadual, que não fazem seleção de quem pode estudar na unidade, têm resultado igual ou melhor aos que são militarizados.

Recentemente, após analisar a lei que instituiu a militarização de escolas públicas, a OAB Paraná emitiu um parecer onde afirma haver indícios de inconstitucionalidade e de violação dos direitos de acesso à educação.

Assim como a lei estadual das escolas cívico-militares, outras ações do governo Ratinho Junior contra a educação pública seguem em discussão na justiça. O presidente da APP-Sindicato destaca que a entidade segue à disposição para o diálogo e continuará atuando em todas as frentes possíveis para defender a vida e os direitos dos professores(as), funcionários(as) de escola e estudantes.

A entrevista foi na manhã desta quarta-feira (27) para uma emissora de rádio do grupo RIC, o mesmo que foi escolhido pelo governo Ratinho para receber, sem licitação, milhares de reais em um contrato para transmissão de aulas pela televisão durante a pandemia do novo coronavírus.

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