Ratinho Junior é o único do sul a não assinar carta em defesa da democracia

Ratinho Junior é o único do sul a não assinar carta em defesa da democracia

É a segunda vez que o governador do Paraná se recusa a assinar carta em defesa do Brasil, contra atitudes de Bolsonaro

Bolsonaro e Ratinho Junior - Fotos: Arquivo EBC e AEN

O governador do Paraná, Ratinho Junior, deu mais uma demonstração de simpatia com práticas antidemocráticas. Ele foi o único do sul do Brasil que se recusou a assinar a “Carta aberta à sociedade brasileira em defesa da democracia”, do Fórum Nacional de Governadores.

O documento, divulgado no domingo (19), teve apoio de 20 governadores e foi uma resposta à participação de Bolsonaro em uma manifestação realizada em Brasília com mensagens pedindo o fechamento do Congresso e do STF e a volta do AI-5.

“O Fórum Nacional de Governadores manifesta apoio ao Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, e ao Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, diante das declarações do Presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre a postura dos dois líderes do parlamento brasileiro, afrontando princípios democráticos que fundamentam nossa nação”, diz trecho da carta.

Ao contrário do silêncio de Ratinho, entidades, autoridades e lideranças de todo país se posicionaram em defesa da democracia. Para o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, a omissão do governador paranaense demonstra seu alinhamento com o programa do governo federal. “É uma política autoritária, de ameaças, de destruição dos direitos da maioria da população e dos servidores públicos. É uma afronta, um retrocesso, às conquistas do povo asseguradas pela Constituição de 88”, comentou.

“É assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever”, ressaltou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Roberto Barroso, que também citou Martin Luther King: “Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons.”

Em nota, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) disse que “vê com preocupação as manifestações de grupos pelo país defendendo o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional e a volta do AI-5”.

Na mesma linha, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) declarou que “são inadmissíveis as iniciativas e os atos de apoio à ruptura democrática, à intervenção militar e os atos institucionais que atentem contra as liberdades” e pediu punição. “Atos que contrariem o Estado Democrático devem ser reprimidos conforme os rigores da Lei e com a responsabilização de todos os envolvidos”.

Reincidente

Essa não é a primeira vez que o governador do Paraná fica calado diante dos ataques de Bolsonaro à democracia. Ratinho também se recusou a assinar outra carta dos governadores, divulgada em fevereiro, em resposta às declarações do presidente acusando o governo da Bahia pela morte do miliciano Adriano Nóbrega e por tentar impor uma política tributária sem respeitar o pacto federativo.

Adriano Nóbrega tinha boa relação com a família Bolsonaro. A mãe e a mulher dele foram empregadas no gabinete do deputado Flávio Bolsonaro, de que também recebeu homenagens na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

“Recentes declarações do presidente da República Jair Bolsonaro confrontando Governadores, ora envolvendo a necessidade de reforma tributária, sem expressamente abordar o tema, mas apenas desafiando Governadores a reduzir impostos vitais para a sobrevivência dos Estados, ora se antecipando a investigações policiais para atribuir fatos graves à conduta das polícias e de seus Governadores, não contribuem para a evolução da democracia no Brasil”, diz a carta.

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