A melhor imagem da “volta às aulas” no Paraná é a divulgada no site da Secretaria da Educação. A foto oficial que ilustra a matéria sobre o tema mostra a incapacidade do secretário Renato Feder de organizar um retorno presencial seguro, como prometeu ao governador Ratinho Jr que faria. Arejar os ambientes é medida básica para evitar a propagação do coronavírus, mas a sala de aula fotografada pela equipe de Feder está com as janelas fechadas. No mundo da fantasia de Feder e Ratinho, alunos(as) e trabalhadores(as) da Educação estão protegidos(as), mas a realidade acaba se impondo, mesmo aos negacionistas.
A volta às aulas presenciais é um erro, por motivos de saúde pública, pedagógicos e legais. Retomar as aulas nesse momento da epidemia vai aumentar os casos, os internamentos e as mortes por Covid 19, como aponta estudo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). A abertura de algumas escolas cria uma desigualdade entre alunos(as) de uma mesma rede, ferindo o princípio da isonomia entre eles(as). A APP-Sindicato defende que a volta às aulas presenciais só aconteça depois da vacinação dos profissionais da Educação. A roleta russa da precipitação na volta às aulas presenciais vai cobrar seu preço.
Ratinho Jr disse a princípio que vacinaria professores(as), pedagogos(as) e funcionários(as) de escola, antes da volta às aulas presenciais. Agora tenta impor um retorno parcial, sem assumir responsabilidades e jogando para diretores(as), pais, mães e responsáveis por alunos(as) a escolha de mandá-los para a escola. A cara de pau de Ratinho Jr é tão grande que agora ele condiciona a vacinação à volta às aulas presenciais, afirmando que os profissionais que retornarem serão vacinados primeiro.
A falta de vacinas já provoca atritos no Paraná. A secretária de Saúde criticou o Governo do Estado porque separou 32 mil doses únicas para os profissionais da Educação, número insuficiente para a primeira dose em 20% dos trabalhadores da Educação. A indefinição sobre vacinação aumentou depois que o diretor do Instituto Butantã afirmou, essa semana, que, depois dos 5,1 milhões de doses que estão sendo entregues, a produção de mais vacinas depende de que a China envie mais Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), para a produção da Coronavac.
“Então, aguardamos a chegada desse material para que isso possa ser processado. Situação parecida com essa também é enfrentada pela Fiocruz, que a informação que eu tenho é que não teve o seu IFA liberado. Preocupa muito, porque o cronograma de vacinação, não neste momento, mas a partir de junho, poderá sofrer algum impacto”, afirma. O diretor do instituto atribui a dificuldade para o IFA ser liberado à postura do presidente da República e integrantes do governo federal, que fizeram declarações ofensivas à China.
O momento é crítico e quem poderia estar comprando vacinas está boicotando, mas a preocupação e empenho de Ratinho Jr se dedicam a empurrar as pessoas para dentro das escolas com janelas fechadas. Não se vê iniciativa do governador para viabilizar vacinas. No início da pandemia, alinhavou um acordo com os russos para termos a Sputnik V, mas depois se acovardou, preferiu não desagradar seu chefe Bolsonaro e abriu mão de trabalhar pelo povo paranaense. Agora, numa sequência de escolhas ruins, Ratinho Jr se rende à conversa mole de Renato Feder e sua gestão milagrosa que considera as escolas do Paraná melhores que as da Finlândia.