A negligência do governador Ratinho Jr em relação à pandemia de Covid 19 fica mais evidente a cada dia. Se até aqui as decisões ruins podiam ser atribuídas à falta de informações corretas, agora fica evidente a incapacidade de Ratinho Jr de fazer o certo mesmo quando admite a gravidade da situação, como fez na resposta que enviou ao Supremo Tribunal Federal na semana passada, reconhecendo que a epidemia está fora de controle no Paraná. Nesta terça-feira (8), a APP-Sindicato totalizou 169 educadores mortos pela Covid no Paraná. Enquanto isso, o governador segue tentando impor a volta às aulas presenciais em mais escolas da rede pública estadual, contribuindo para agravar a epidemia.
A maneira errática com que trata a pandemia tem aumentado progressivamente o isolamento do governador, que desapareceu no momento em que os paranaenses mais precisam dele. A resposta ao STF admitindo o descontrole da epidemia se deu em ação do Governo Federal contra medidas restritivas de circulação de pessoas decididas por Ratinho Jr e que desagradaram o chefe dele, Jair Bolsonaro. Abandonado pelo aliado de primeira hora, o governador tem se limitado a preparar sua campanha à reeleição em 2022. Para isso, reuniu-se na segunda-feira (7), em Palácio, com o que há de mais atrasado na política paranaense para selar acordo com o Partido Progressista (?) dos Barros. Não há notícia de agenda do governador para comprar vacinas ou reduzir os problemas causados pela pandemia, a não ser um projeto de lei enviado à Assembleia Legislativa na segunda-feira (7) para conceder crédito a empresários para pagar impostos atrasados – assim o Governo recebe o devido e o empresário troca de dívida.
De outros governos já se disse que inexistiam quando desligávamos a televisão, mas no Governo Ratinho Jr isso acontece de maneira sem precedentes. A mídia comercial tem sido generosa nos afagos ao Governo, mas a realidade acaba se impondo cedo ou tarde. Nos telejornais e portais da internet, vai tudo muito bem, a “gestão” da pandemia é a melhor possível e a volta às aulas presenciais levou a alegria de volta aos lares paranaenses. Mas a realidade de parentes e amigos mortos pela Covid bate à porta dos paranaenses todos os dias.
Como mostrou o Blog do Raoni, o Governo Ratinho Jr enviou ao STF dados do Centro Estadual de Epidemiologia que apontam o pior momento da pandemia no Paraná. Há 20 dias a fila por UTI para Covid tem mais de 400 pacientes. A incidência de novos casos por semana (198 casos a cada 100 mil habitantes) é o dobro do patamar que o Centers for Disease Control classifica como ‘altíssimo’ (100 casos a cada 100 mil pessoas). Mas o governador não vê problemas em empurrar educadores(as) e estudantes para as escolas, aumentando a circulação de pessoas e do coronavírus, exatamente quando surgem variantes mais transmissíveis.
Na manifestação ao Supremo, Ratinho defendeu as medidas restritivas e afirmou que elas contribuem para evitar o colapso do sistema de saúde estadual. Mas isso não vale para educadores e estudantes da rede pública estadual. Num reconhecimento espontâneo da falta de disposição no combate à pandemia, no documento o Governo do Paraná afirma que sua principal medida restritiva de circulação acontece das 20h às 5h, quando os estabelecimentos comerciais já estão fechados.
As evidências de que retomar aulas presenciais no auge da pandemia prejudica toda a sociedade se acumulam dia-a-dia, mas Ratinho Jr finge que isso não é com ele. Levantamento do Estadão mostrou que até meados de maio, 948 crianças com no máximo 9 anos de idade morreram de Covid no Brasil, segundo dados do Sistema de Informação de Vigilância da Gripe. Apenas o Peru teve proporcionalmente mais mortes por Covid. No Brasil, a cada 1 milhão de crianças, 32 perderam a vida para a doença. No Peru, foram 41 por milhão. Argentina e Colômbia tiveram 12 e 13 mortes por milhão, respectivamente. Estamos caminhando no fio da navalha, mas o governador considera que taxas “baixas” de infecção nas escolas justificam expor as pessoas ao sofrimento.
Na segunda-feira(7) Ratinho Jr decretou luto oficial de três dias em homenagem às vítimas de Covid 19 que faleceram no Paraná. Diante das atitudes dele no combate à pandemia, a medida soa como um deboche. A bandeira do Paraná no Palácio Iguaçu está a meio mastro, mas na prática o desrespeito à vida continua. Ratinho Jr joga para iludir a plateia, enquanto trabalha para inflar as estatísticas da morte na pandemia. Nos cinco primeiros meses deste ano o número de casos de Covid é o dobro de 2020, mesmo com a vacinação. Isso evidencia que algo está errado nas decisões do Governo Ratinho Jr, mas ele já não se importa com a dor dos paranaenses.