A desorganização das escolas estaduais provocada pela implantação do Novo Ensino Médio ganhou um novo capítulo com a falta de professores(as) para auxiliar estudantes com deficiência em sala de aula.
“A Secretaria de Educação impôs um ritmo para as escolas sem conhecer e sem respeitar a necessidade de cada uma delas. Agora tem um problema para resolver e não pode ser aumentando a carga horária dos(as) professores(as), vão ter que contratar mais profissionais para termos atendimento em todas as aulas para os estudantes”, afirma Walkiria Mazeto, presidenta da APP.
O Novo Ensino Médio aumentou o tempo de permanência dos estudantes na escola, implantando uma sexta aula. A mudança foi feita sem considerar as características e capacidades dos colégios, o que está sobrecarregando os(as) auxiliares e prejudicando os estudantes que precisam deles.
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“Nessa sexta aula muitos(as) estudantes estão ficando sem o acompanhamento de professores(as) auxiliares em sala, seja o caso de intérprete de Libras, seja dos que acompanham estudantes com espectro autista, cadeirantes ou com déficit de aprendizagem”, observa Walkiria.
A falta de professores(as) auxiliares teve destaque na mídia comercial nesta semana. A RPC de Ponta Grossa mostrou o problema. A Seed afirmou que era apenas um caso isolado, restrito a um colégio de Ponta Grossa. A emissora recebeu várias mensagens de telespectadores relatando o mesmo problema em todo o Paraná.
Uma das mensagens foi enviada à TV por Raquel Aparecida de Souza Silva, de Centenário do Sul (Núcleo Regional de Educação de Londrina). Ela tem filho autista e lembrou que crianças com deficiência peciais têm direito a atendimento integral na escola. “É um descaso o que estão fazendo com nossos filhos e também com o profissional que os atende”, afirmou.
Nani Linhares, de Matinhos, relatou em mensagem à emissora que os(as) professores(as) da educação especial estão trabalhando por semana dez horas a mais que o previsto no contrato, de graça, para não abandonar os alunos em sala de aula. Ela disse que enviou carta ao NRE contando a situação e não teve resposta.
Desmonte continuado
Os ataques aos professores da educação especial não começaram agora. No ano passado, o governador Ratinho Jr decidiu que a jornada deles passaria a ser definida por hora-relógio e não mais hora-aula. Com isso, continuaram trabalhando 25 horas semanais, mas passaram a receber só por 21 horas.
“Esses profissionais, mesmo tendo feito concurso para 20 horas, já tinham que ficar 25 horas com o estudante, para cobrir as cinco aulas todos os cinco dias da semana. Em 2021 continuaram trabalhando o mesmo, só que recebendo menos. Agora o Estado aumenta o tempo de aula sem olhar a realidade da escola. O efeito é que o estudante que precisa do acompanhamento em sala está sem professor(a)”, afirma Walkiria Mazeto.
A presidenta da APP avalia que a implantação das 30 horas de aulas por semana é inviável. O Sindicato defende a revogação da Lei do Novo Ensino Médio, que prejudica a organização das escolas e o aprendizado dos estudantes, além de abrir caminho para terceirizações.
A APP defende a correta contabilização da hora-aula e da hora-atividade, e avalia que o modelo do Novo Ensino Médio desconsidera a diversidade de nossas escolas e impõe uma padronização que desrespeita a autonomia e impede sua aplicação na rede.
“Os estudantes não estão só com problema da falta de profissional para atender em sala de aula, nós temos também o problema da Unicesumar dando aulas online e os estudantes não conseguem aprender”, observa Walkiria.
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