Desde que assumiu o mandato, após anos ancorado no governo do antecessor Beto Richa – inclusive no fatídico 29 de abril que feriu centenas de pessoas em pleno centro cívico da capital e arrochou a previdência dos(as) servidores(as) – Ratinho Jr se tornou um governador digital.
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Ligado aos meios de comunicação, dono de um conglomerado de emissoras afiliadas ao SBT – que emprega o pai Ratinho – Ratinho, o filho, faz um governo que ignora que o Estado tem mazelas, dialoga apenas com a elite, o agro e o empresariado e vende a imagem de político “não político” gestor eficiente.
A educação é o maior serviço público prestado aos(às) paranaenses. São mais de 2200 escolas, com cerca de 1 milhão de estudantes, 25 mil funcionários(as) e 65 mil professores(as). Uma verdadeira máquina que para o governo é um peso, para as empresas privadas, um filão, para os(as) educadores(as) e para a população uma trincheira de disputa do modelo de educação que queremos: ou é pública, gratuita e com qualidade socialmente referenciada para todos ou uma escola mercadológica, onde prevalecem os números, planilhas, gráficos com metas a serem cumpridas, gerando números para a propaganda estatal, sem considerar que por trás de tudo existem seres humanos.
A escola vem sendo, desde os anos 90, esse território de disputa de projetos. Seja no Paraná ou em qualquer outro estado brasileiro, professores(as), funcionários(as) e estudantes vem travando verdadeiras batalhas contra governos autoritários que anseiam repassar a gestão da educação para a inciativa privada, sob a ótica do Estado Mínimo.
Por aqui, vimos governos como Álvaro Dias, Jaime Lerner, Beto Richa e, agora, Ratinho Jr., avançar no projeto de desestatização do Estado. Privatizaram o Banestado, parte da Sanepar e, mais recentemente a Copel Telecom e a própria COPEL, reduzindo drasticamente as receitas do estado e privilegiando grandes conglomerados comerciais e também multinacionais que passam também a negligenciar os serviços oferecidos à população, como as constantes faltas de energia e água em diversas regiões. A qualidade do serviço prestado é ruim e o custo altíssimo para os usuários.
Nesta semana, acompanhamos perplexos a mais nova empreitada do secretário de educação do Paraná, a mando do governador: a privatização das escolas públicas estaduais. Reunido com parlamentares da base do governo, o secretário anunciou que um projeto sobre o tema chegará à Assembleia Legislativa e pediu empenho dos(as) deputados(as) (36 aliados fiéis) para a aprovação.
Na prática, o projeto prevê que a gestão das escolas e a contratação, veja só, de professores(as) e funcionários(as) seja realizado por uma empresa privada. Hoje vemos o estrago que tal política já causou nas escolas com a terceirização de funcionários(as): falta de pessoal, salário de miséria, atraso de pagamentos, alta rotatividade, pessoal sem formação profissional na área da educação além do custo ser muito superior aos valores de pessoal concursado ou PSS.
A narrativa já está preparada para “convencer” a população da “maravilha” que será o projeto: a ideia de que a escola pública será como as escolas particulares. O mesmo que foi feito com as escolas Cívico-Militares que retratam o fracasso da política educacional do governo do Estado. Venderam a ideia de uma escola militarizada, com rígidas regras disciplinares e o que se vê é a distribuição de recursos da educação a, em sua maioria, policiais já aposentados que não tem qualquer formação para atuar nas escolas. Falta uniforme e sobram reclamações e até mesmo ações judiciais de pais e responsáveis contra o modelo.
Infelizmente vemos a “shopeezação” da educação no estado – shopee é uma plataforma de comércio eletrônico de origem asiática. Por ter uma vasta variedade de produtos baratos e muitas vezes falsificados, muitos jovens usam o termo “Shopee” como gíria para se referir a algo que não é autêntico. O mesmo, infelizmente, podemos aplicar ao modelo super moderno de governo e de gestão da educação do Ratinho Jr. que “vende” a imagem de uma escola moderna e eficaz e entrega à população uma verdadeira sucata, sem investimento em pessoas e estrutura, com recursos distribuídos, agora, também a empresários.
Luiz Fernando Rodrigues é Agente Educacional II da rede estadual, formado em Marketing e especialista em Gestão Escolar.