Nesta quarta-feira (10), Ratinho Junior (PSD) completa 100 dias à frente do Poder Executivo do Paraná, mas não há motivos para comemoração. Apesar de todo o esforço e diálogo da APP-Sindicato, o governo não tem respondido às reivindicações urgentes dos(as) professores(as) e funcionários(as) de escola. Indignada com o tratamento recebido, a categoria está mobilizada e vai parar no dia 29 de abril.
As demandas já são conhecidas há muito tempo pelo governador e, mesmo antes de sua posse, a APP-Sindicato já buscava o diálogo, o debate e a cobrança das pautas, sempre fazendo a defesa incansável dos direitos dos(as) trabalhadores(as) e da oferta de uma educação pública de qualidade.
Em setembro de 2018, o então candidato confirmou presença na tradicional sabatina organizada pelo Sindicato, mas cancelou a participação horas antes do evento. No seu lugar enviou uma carta na qual afirmou ter lido “com muita atenção” as pautas dos(as) educadores(as) aprovada em assembleia estadual e disse ainda ter visto “muitos pontos comuns para ser (sic) conquistados para a melhoria da Educação do Paraná”.
Terminada a disputa eleitoral, a APP-Sindicato foi a primeira organização sindical a se reunir com o governador eleito e sua equipe de transição e, mais uma vez, dialogou e cobrou o atendimento das demandas dos(as) trabalhadores(as) da educação pública no Paraná.
Ratinho tomou posse e a direção sindical deu continuidade na deliberação da categoria, aprovada em assembleia, de cobrar respostas e soluções do governo. Nesse período foram várias reuniões e debates, mas até o momento sem demonstrações concretas e sensibilidade com a realidade diária dos(as) educadores(as) paranaenses.
Antes da eleição, Ratinho escreveu que, se eleito, faria instituir um grupo para “retomar a Hora-Atividade e viabilizar o PDE, por sua importância na formação do professor e merecida qualificação para crescimento na carreira”. Nesses meses de governo, porém, o que ocorre é o oposto.
Além de renovar a maldade ilegal criada por Beto Richa (PSDB), de redução da hora-atividade dos(as) professores(as), ampliou a medida ao aumentar a jornada dos(as) pedagogos(as) e readaptados(as). Não fosse suficiente, revogou a progressão de vários(as) trabalhadores(as), conquistada pela luta do Sindicato nas negociações com sua antecessora no cargo.
Sobre a data-base, o então deputado Ratinho apoiou o pedido da APP-Sindicato em 2018 e assinou documento que determinava o pagamento integral da inflação na reposição salarial do período. Enquanto candidato também disse que “o cumprimento da data-base é fundamental dentro do processo de valorização dos profissionais da educação”.
Diferente do prometido e esperado, agora que tem a caneta na mão, o governo declarou à imprensa, nesta semana, que pretende manter o congelamento do salário dos(as) servidores(as) públicos(as) e estuda mudanças no plano de carreira para acabar com direitos como promoções, progressões, quinquênios e licenças especiais.
A pauta da campanha salarial 2019 aprovada em assembleia estadual pelos(as) professores(as) e funcionários(as) de escola tem mais de 20 itens, incluindo a data-base, respeito a jornada e a defesa da aposentadoria como itens centrais.
Sem respostas, mesmo com as insistentes cobranças do Sindicato, a categoria decidiu que vai cruzar os braços para denunciar à sociedade que o massacre continua com a ausência de atitude do governo para pagar a dívida de 16,04%, acumulada após três anos sem reposição da inflação, e más condições de trabalho que tem levado os profissionais ao adoecimento e, consequentemente, comprometendo a qualidade da educação pública.
A paralisação será em todo estado e terá um grande ato em Curitiba. A data marca também os quatro anos do massacre do Centro Cívico, como ficou conhecida a reação violenta do governo Beto Richa contra uma manifestação pacífica dos(as) educadores(as). Dezenas ficaram feridos(as) após serem massacrados(as) com bombas de gás e balas de borracha, ação determinada pelo ex-governador para dispersar a multidão que protestava.
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