Se perguntar quanto custa um(a) professor(a) devia ser um exercício constante. O seu valor, o valor de seu trabalho e de sua contribuição para a construção da sociedade é incalculável, claro. Não é possível mensurar até onde chegam as ensinamentos e contribuições de um(a) educador(a) que se dedica em sala de aula, diariamente.
Para além disso, existe o custo do trabalho de um(a) professor(a), seu salário mês a mês. Este custo demonstra, entre outras coisas, a valorização que se dá ao(à) educador(a) que cumpre o papel como professor(a).
O Estado possui uma tabela salarial que classifica os(as) professores(as) de acordo com sua colocação dentro do plano de carreira. O salário inicial de um(a) professor(a) é de R$ 1,415,78, para 20 horas semanais de trabalho. O dobro disso, 40 horas, significa um salário de R$ 2.831,56.
Quando se bate na tecla de que os(as) professores(as) estão sendo constantemente desvalorizados, está se falando também sobre a desvalorização de salários.
Hoje, para ingressar na educação pública do Paraná, todo(a) professor(a) deve ter, no mínimo, ensino superior. No entanto, existem outras categorias que também possuem esta mesma exigência e é aí que se esbarra na primeira falta de respeito com a educação. Por exemplo, um(a) engenheiro(a) que entra para o serviço público do Estado hoje, tem o salário de R$ 3.657,31 para 40 horas semanais de trabalho, assim como outros cargos que exijam o ensino superior, como advogados(as), arquitetos(as) e tantas outras áreas.
Só nesta comparação, temos uma diferença de R$ 825,75 entre categorias que exigem o mesmo nível de estudo para ingressar no serviço público do Estado. O(a) professor(a) recebe muito menos para o mesmo número de horas de trabalho.
A desvalorização salarial do(a) professor(a) no Paraná representa, nitidamente, que a educação não é a prioridade do governo. De forma alguma tamanha diferença salarial indicaria preocupação real com trabalhadores(as) que desempenham um papel de tamanha importância e necessidade.
Atualmente, os(as) profissionais da educação representam, entre professores(as) e funcionários(as) de escola, cerca de 60% de todo o funcionalismo, mas também representa o equivalente a 30% da folha de pagamento do Estado.
E o piso nacional? – Existe uma lei federal, a 11.738/2008, que regulamenta e garante, entre outras coisas, um piso salarial nacional para trabalhadores(as) da educação básica no ensino público no Brasil.
Em 2017 o piso nacional, definido pelo Ministério da Educação (MEC), determina o salário de R$ 2.298,80 para educadores(as) com uma jornada de 40 horas, com exigência de nível médio. No Paraná, este não é o salário pago atualmente. O salário atual ao ingressar no Estado é de R$ 1.982,08. Esta diferença representa, hoje, a diferença de R$ 316,72. É uma defasagem de 15,98% mensalmente em sua renda.
O responsável por garantir que o piso salarial nacional seja pago aos(as) educadores(as) é o governo do Estado. É o governo do Paraná quem tem essa responsabilidade com os(as) servidores(as), fazendo com que que os(as) educadores(as) recebam o que a lei estabelece como o mínimo a ser pago pelo trabalho de um(a) trabalhador(a) de nível médio que cumpre 40 horas semanais nas escolas públicas.
Além da gravidade de ter mais de R$300,00 de diferença em seus salários todos os meses, os(as) educadores(as) esbarram na decepção de serem tratados(as) com total desrespeito. Imagine a decepção de, nos últimos anos, ter que lidar com mentiras, com punições diversas, com falta de reconhecimento e falta de diálogo. É o que os(as) professores(as) e funcionários(as) de escola vivem hoje no Paraná.
Conheça a tabela salarial de professores(as). Clique aqui.
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Aposentadoria especial – Uma das questões que mais deve afetar a vida dos(as) trabalhadores(as) brasileiros(as) é a mudança nas regras da aposentadoria, caso a PEC 287/16 seja aprovada. Trabalhadores(as) rurais e professores(as) possuem aposentadoria especial e isto está ameaçado. Com a alteração da previdência, professores(as) têm de trabalhar até, no mínimo, os 65 anos de idade, o que deve afetar cerca de 70% do quadro atual de professores(as) em todo o Brasil. Caso os(as) educadores(as) queiram receber aposentadoria integral, será necessário ter 49 anos de contribuição.
Salários baixos, ataques aos direitos garantidos em lei, doenças geradas por problemas no ambiente de trabalho, aposentadoria aos 65 anos de idade… Resta questionar até quando a educação será tratada de maneira tão agressiva e desrespeitosa.