"Quantas vezes no ano um professor tem que parar sua aula para chorar a morte de um aluno?"

“Quantas vezes no ano um professor tem que parar sua aula para chorar a morte de um aluno?”


“Quantas vezes no ano um professor tem que parar sua aula para chorar a morte de um aluno?”. Essa pergunta foi feita pela secretária Educacional da APP-Sindicato, professora Walkíria Olegário Mazeto durante a abertura da reunião com dirigentes escolares, na manhã desta terça-feira (25), em Curitiba. Entre os(as) presentes, infelizmente, todos(as) já passara pela dor de enterrar um aluno vítima, na grande maioria das vezes, de violência. Ontem (24), lamentavelmente, um estudante foi morto dentro de uma escola em Curitiba. A tragédia, que abalou a comunidade, tomou conta do noticiário que ligava a morte do adolescente com a ocupação e com a greve na educação pública do Paraná.

A situação no Paraná está caótica. São quase 850 colégios estaduais ocupados por estudantes que protestam conta a Medida Provisória que altera o Ensino Médio, na forma como é hoje, sem nenhum diálogo com a população. A Medida, que pode ser acatada e imposta aos(às) estudantes secundarista do Paraná, tem a rejeição dos movimentos que defendem uma educação pública de qualidade, capaz de formar e emancipar cidadãos(ãs).

Sobre as ocupações iniciadas, no início do mês, o governo, no lugar de dialogar com os movimentos que organizam e conduzem o processo, optou por receber o Movimento Desocupa Paraná, onde estudantes universitários têm se reunido com o Chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, e com a Secretária de Educação, Ana Seres, para tratar do debate sobre a ocupação de escolas e as mudanças do Ensino Médio. “Não tem lógica alguma. O governo está terceirizando a desocupação e incitando a violência ao usar nossa greve e as ocupações estudantis para colocar a sociedade contra a greve e a luta dos estudantes contra a MP do Ensino Médio”, afirma Luiz Fernando Rodrigues, secretário de Comunicação da APP-Sindicato.

No meio deste processo de ocupação, os(as) trabalhadores(as) da educação foram informados de mais uma medida que coloca em risco a qualidade da educação e, em assembleia geral da categoria, decidiram por entrar em greve contra a proposta de atraso nos salários e contra o calote na lei da data-base. “A greve dos educadores é legalmente legítima. Todo o cuidado legal foi tomado desde a convocação da assembleia. Há uma pauta de revindicação e os trabalhadores querem um diálogo com o governo para  resolver essas questões”, reforça o advogado Agnaldo Santos.

“Ao invés de dialogar com os representantes dos educadores e dos movimentos estudantis, o governo prefere convocar pai e estudantes universitários para incitar o confronto e a desocupação nas escolas”, analisa Luiz Fernando Rodrigues. Foi o que aconteceu ontem (25) a tarde no Colégio Guido Arzo, no sítio Cercado, em Curitiba. Nas imagens abaixo, divulgadas pela fanpage dos Advogados e Advogadas pela Democracia, é possível ver o momento em que radicais contrários à ocupação invadem o Colégio. A ação que causou danos ao patrimônio público e colocou em situação de vulnerabilidade os(as) estudantes pacificamente organizados(as) na ocupação, foi acompanhada de longe pela Polícia Militar que, em nenhum momento interviu pela segurança dos(as) jovens ou contra a destruição dos portões e grades da escola(observe a viatura passando ao fundo).

Querem transformar a escola em jaula – A equipe de comunicação da APP conversou com uma funcionária da Escola Estadual Santa Felicidade, para saber sobre a situação dentro do Colégio. Em entrevista, a educadora, que pediu para não ser identificada, confirmou que o aluno não estava entre os(as) estudantes da ocupação e que o caso foi uma fatalidade. “As meninas do Grêmio são muito responsáveis e a ocupação estava e está muito organizada. Não há uso de álcool ou drogas aqui dentro. Perdemos um aluno em uma situação de extremo desespero que poderia ter acontecido também durante uma aula, uma troca de turno”, comenta a funcionária.

Para a APP-Sindicato, que lamenta profundamente o ocorrido, este é o momento de debater as inseguranças e ameaças pelas quais passam diariamente os(as) professores(as), funcionários(as) e estudantes. “Há tempos a direção da APP-Sindicato vem pautando o tema da violência nas escolas junto à SEED e ao conjunto do governo. Tragédias tem se repetido frequentemente na rede e insistimos que o tema deva ser enfrentado. Recentemente temos inclusive nos reunido com as entidades de representação dos trabalhadores da segurança pública para reforçar a pressão necessária sobre o governo, uma vez que só a pauta na mesa de debates tem sido insuficiente”, explica o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão.

A greve dos trabalhadores e trabalhadoras da Educação continua. O Comando de Greve se reunirá nesta tarde, às 14h, para uma nova avaliação dos próximos passos da luta dos(as) servidores(as).

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