Vivemos um período marcado pelos avanços do capital na educação. Foi proposta uma Base Nacional Curricular construída pelo MEC, mas que está sendo visada por empresas que desejam vender materiais didáticos e outros ”serviços” educacionais para todo o Brasil. Além disto, a educação foi tomada pelos grandes testes padronizados que acabam servindo para medir a performance da educação brasileira, seu “capital humano” e sua capacidade produtiva.
Assim se coloca a discussão sobre o que significa uma “educação de qualidade”: uma educação emancipadora pode ser medida quantitativamente? Ela deve ser medida por indicadores de empregabilidade do mercado de trabalho? O que significa uma “educação de qualidade socialmente referenciada” num país capitalista em que a sociedade acredita na meritocracia e espera resultados?
É com estas questões que na noite da última sexta-feira (15) o professor cubano Guillermo Arias Beatón veio ao auditório da APP-Sindicato para falar sobre “Os significados de ‘Qualidade da Educação’ em Cuba: as relações entre o contexto social cubano e os processos de construção de objetivos, indicadores e resultados educacionais.
“A partir de exemplos da trajetória cubana, procuramos entender como se deram os debates sobre qualidade da educação naquele país, que avançou na universalização e construiu um sistema educacional com um projeto de sociedade socialista. Na sequência, estabelecemos comparações entre educação e projeto de sociedade, avaliando os limites da educação em nosso país, que vive na dependência de estruturas capitalistas e dá valor para a meritocracia, vestibulares, resultados de testes, etc.”, destaca a secretária Educacional da APP-Sindicato, professora Walkíria Olegário Mazeto, que junto coma professora Rose Meri Trojan, da Universidade Federal do Paraná, conduziu o debate.
Guillermo é psicólogo com doutorado em Ciências Pedagógicas pelo Instituto Central de Ciências Pedagógicas de Cuba (1987) e mestrado em psicodrama e processos grupais (2009). Atualmente é Professor Titular da Faculdade de Psicologia da Universidade de Havana, coordena um Programa de Mestrado em Psicodrama e Processos Grupais e é Presidente da Cátedra L.S. Vygotski. O professor está na área da educação em Cuba desde a década de 1970, quando participou das Brigadas de Alfabetização. Também trabalhou por muitos anos no Ministério da Educação daquele país em políticas públicas, formação de professores, estabelecendo relações com as universidades.
Veja em vídeo a fala do professor Guillermo Arias Beatón: