Proposta da Seed para a EJA reforça condição de exclusão APP-Sindicato

Proposta da Seed para a EJA reforça condição de exclusão

No documento elaborado pela Seed, o Educação de Jovens e Adultos pretende ser à distância e voltado para profissionalização e não a escolarização

Foto: Gustavo Morita

A APP-Sindicato tomou conhecimento por meio das redes sociais do projeto para um novo modelo de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Na proposta o modelo deve ser implantado a partir de 2020, mesmo sem o governo ter elaborado novas medidas para melhorar a qualidade na EJA durante o ano. A proposta deve ser apresentada às comunidades escolares em um período de uma semana, para logo após ser apresentado ao Conselho Estadual de Educação.

Para debater a medida, o Sindicato, em parceria com o Fórum Estadual de EJA, Comissão de Educação da ALEP e mandato do Prof. Lemos, realiza na próxima quarta-feira (09) uma Audiência Pública com o tema: Avaliação e Perspectiva da Educação de Jovens e Adultos no Paraná.

“Convidamos toda a categoria para participar deste debate. Precisamos lutar pela alteração na atual e futura proposta de EJA. A Educação de Jovens e Adultos do Paraná exige respeito à sua história, aos seus profissionais e aos estudantes. Não participaremos desta pantomima que decretará o começo do fim da EJA em nosso estado”, destaca Cleiton Denez.

Fim da EJA

Entre os principais itens da nova medida, o que chama a atenção é a tentativa de “tornar mais atrativa” a EJA, ignorando pontos importantes para a melhoria da qualidade do ensino. Entre as novas propostas estão: congelamento e padronização de cronogramas, redução de tempo de estudos, diminuição de disciplinas, priorização da profissionalização ao invés da escolarização, adoção quase total da aplicação em Ensino a Distância (EAD).

 A APP-Sindicato reafirma ser contrária a este projeto e sustenta as proposições do Fórum Paranaense de EJA, presentes no Plano de Ações. A proposta foi elaborada coletivamente, assegurando o cumprimento do que está previsto nas Leis 18.492/2015 e do Plano Estadual de Educação.

Segundo o secretário executivo Educacional, Cleiton Denez, é importante que as escolas e a comunidade escolar não aceitem a nova proposta. ” Não respondam a indecente proposta da Seed e, junto com os(as) estudantes e comunidade escolar, encaminhem à secretaria ou aos Núcleos de Educação uma nota de desagravo pela proposta. Reafirmam a necessidade do ensino presencial, da  flexibilização de horários e da oferta adequada de todas as disciplinas”.

Confira o documento elaborado pela Seed na íntegra

Acesse o Plano Estadual de Educação do Paraná 2015/2025

Confira a proposta do Fórum Paranaense de EJA para a educação

Convite para a Plenária do Fórum Paranaense e Audiência Pública

 

Confira a nota da Secretaria Educacional sobre a medida:

 

“O COMEÇO DO FIM DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO PARANÁ

 Depois de ignorada por meses, governo surpreende com proposta para redução na oferta de EJA para o Paraná

Depois de, impressionantes nove meses de silêncio total sobre o que o governo Ratinho Jr, com seu Secretário Renato Feder, pretendem com  a política pública de Educação de Jovens e Adultos (EJA), aparece circulando nas redes sociais a apresentação completa do que a SEED quer impor como modelo de mudanças na modalidade. Trata-se de um pacote pronto com expectativa de implementação já para 2020. Uma pressa surpreendente, para um governo que não se ocupou da modalidade durante todo primeiro semestre e agora apresenta um cronograma sufocante, que vai de uma pseudo consulta a comunidade escolar (discussão nas escolas em apenas uma semana) para em seguida apresentar a proposta junto ao Conselho Estadual de Educação para aprovação em novembro.

Entre os absurdos apontados na proposta esta:

– o congelamento e padronização de cronograma, o que por si só destrói a oferta de EJA, dada as particularidades da população adulta com baixa, ou sem nenhuma escolarização que se compõe de mães e pais trabalhadores(as) urbanos(as) e rurais com diferentes jornadas de trabalho, muitas delas sazonais, pessoas privadas de liberdade, entre tantos(as) outros(as) cujos  horários são merecedores de atenção pela escola e pelo sistema e que agora estão submetidos(as) as jornadas organizadas em turno, tal qual o modelo de seriação de nossas escolas. Muitos dos(as) que freqüentam a EJA deixaram a escola seriada por conta da organização dos tempos, incompatíveis com as rotinas de trabalho;

– a redução de tempo de estudos que resultará no aligeiramento das aprendizagens e trará evidentes prejuízos justamente para aqueles(as) que necessitam de tempo de estudo para qualificar e consolidar seus conhecimentos;

– a diminuição na oferta de algumas disciplinas, criando uma hierarquia de importância de matérias, desconsiderando o quanto o ensino de artes pode fazer diferença para a(o) costureira(o), ou o quanto o conhecimento de geografia pode ajudar o(a) entregador(a), ou a química a cozinheira(o);

– a profissionalização em detrimento da escolarização, num evidente entendimento que pessoas jovens, adultas e idosas que estão na EJA só devem estudar para ocupar um posto de emprego, uma concepção utilitarista, tecnicista e preconceituosa da educação na medida em que deve-se ensinar para os(as) da classe trabalhadora um oficio, e para os(as) da classe dirigente o ensino deverá lhes dar condição da assunção de níveis mais elevados de ensino.

– a proposição de até 80% da carga horária em Educação a Distância (EAD), uma das medidas mais danosas e controversas que um sistema de educação pode conceber porque pressupõe autonomia dos(as) estudantes, além de conhecimento sobre as ferramentas tecnológicas. A Seed propões três modalidades: 30%, 50% ou 80% de EAD nos currículos da EJA. Nenhuma das propostas apresentadas é integralmente presencial, o que de imediato sentencia a presença da EAD na EJA. Os(as) estudantes da EJA, excluídos(as) do processo escolar normatizado, muitos(as) idosos(as) e que estavam longe da escola há alguns anos, são aqueles(as) que mais necessitam de um acompanhamento presencial por parte do(a) professor(a), algo que a EAD não oferece. Isso sem contar que muitos não estão familiarizados com as tecnologias que envolvem a aprendizagem em EAD. Não obstante as questões que envolvem a aprendizagem dos(as) estudantes, a proposta afeta diretamente o trabalho dos(as) professores(as) . A impressão que se tem é que o(a) professor(a) trabalhará com suas turmas parte do tempo presencial, parte a distância e não é assim, este tempo em que o educando estuda a distância com materiais previamente preparados, o(a) professor(a) tem de preencher com outra turma, levando a duplicar, ou até triplicar (no caso de 80% EAD) o números de turmas e estudantes atendidos(as). Outra situação gravíssima é que, se a opção for de trabalhar com vídeo aulas, ou aulas a distância, não há a necessidades de professores(as), porque equipamentos podem ser operados por técnicos, ou até mesmo por algum(a) estudante.

Entre estas e algumas outras medidas, ainda é possível perceber facilmente o aprimorar dos mecanismos de monitoramento do trabalho do(a) professor, um viés de responsabilização, e sem se apontar a mesma objetividade e segurança de se investir na melhoria da qualidade da oferta. As medidas contidas na proposta tem o potencial de piorar a qualidade ofertada, de cessação de turmas e, por conseguinte, decretar o fim da Educação de Jovens e Adultos no Paraná.  Isso tudo em um estado que tem o piores índices de escolarização da região sul e que tem milhões de pessoas que precisam e esperam atendimento de qualidade ao seu alcance. Mais uma vez a Secretaria de Estado da Educação mostra sua face de um governo que entende o Estado como um prestador de serviço privado.

A APP-Sindicato é radicalmente contrária a tais medidas e se alinha as proposições do Fórum Paranaense de EJA presentes no Plano de Ações coletivamente elaboradas e propostas para a modalidade bem como a realização do que está previsto nas lei 18.492 de 2015 do Plano Estadual de Educação.

QUE AS ESCOLAS QUE OFERTAM EJA REPUDIEM A PROPOSTA. Não respondam a indecente proposta da SEED e, junto com os(as) estudantes e comunidade escolar, encaminhem a Seed ou aos Núcleos de Educação uma nota de desagravo pela proposta e reafirmem a necessidade do ensino presencial, da  flexibilização de horários e da oferta adequada de todas as disciplinas.

Para ampliarmos esse debate junto a sociedade e aos(as) deputados(as) estaduais, estaremos realizando, em parceria com o Fórum Estadual de EJA, Comissão de Educação da ALEP e mandato do Prof. Lemos, no próximo dia 9 de outubro (quarta-feira) uma Audiência Pública com o tema: avaliação e perspectiva da educação de jovens e adultos no Paraná. Desde já toda a categoria esta sendo convidada a participar deste debate e incidir na ALEP e no governo pela alteração na atual e futura proposta de EJA.

A Educação de Jovens e Adultos do Paraná exige respeito à sua história, aos seus profissionais e aos estudantes. Não participaremos desta pantomima que decretrará o começo do fim da EJA em nosso estado.

Secretaria Estadual Educacional da APP-Sindicato”

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