Ao contrário da informação apresentada pelo governador Ratinho Junior (PSD) à imprensa, nesta quarta-feira (3), a proposta de reposição salarial para o funcionalismo público representa apenas 0,25% de data-base, bem distante dos 5,09% anunciados. A diferença é explicada por uma manobra do governo.
A data-base dos(as) servidores(as) vence anualmente no dia 1º de maio e a revisão dos salários tem como base a inflação, que nos últimos 12 meses foi de 4,94%. Já a proposta propagada pelo governo é pagar 0,5% só a partir de outubro, sem retroativo. Com esse atraso, de acordo com o Fórum das Entidades Sindicais (FES), na prática, a reposição equivale a 0,25%. O cálculo considera o período integral da data-base, de maio 2019 a abril de 2020.
“Isso é inaceitável. Com esse índice, uma funcionária de escola não compra nem metade de um pacote de arroz, não paga um quilo de tomate. Mais uma vez o governador desrespeita os trabalhadores”, disse o presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão.
As lideranças sindicais destacam ainda que o índice restante da proposta anunciada, a ser dividido entre 2021 e 2022, não está garantido. O parcelamento foi condicionado ao crescimento mínimo de 6,5% e 7%, respectivamente, da arrecadação de impostos. Pela proposta do governo, a data-base dos próximos anos ficaria congelada.
“A data-base é anual, para recompor as perdas da inflação. Esse é um direito de todos os trabalhadores. O que o governo divulgou hoje para a imprensa não é uma proposta, é a retirada de direitos. A greve continua”, disse a integrante da coordenação do Fórum das Entidades Sindicais (FES), Marlei Fernandes.
De acordo com o comando da mobilização, a greve continua. O movimento quer uma proposta que contemple pelo menos a inflação dos últimos 12 meses e a negociação dos atrasados. Os salários do funcionalismo estão congelados desde 2016. A defasagem acumulada passa de 17%.
Segundo estudos orçamentários do FES, a reivindicação pode ser atendida e não oferece riscos às contas públicas. Com base em dados da Secretaria da Fazenda, a despesa com pessoal é a menor dos últimos 10 anos. Em março, a imprensa oficial divulgou que o Paraná lidera o ranking nacional de saúde financeira.
A greve teve teve início no último dia 25 e a postura do governador, considerada autoritária, tem ampliado a cada dia a adesão ao movimento. Em Curitiba, os(as) servidores(as) seguem acampados em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo. Os(as) trabalhadores(as) continuam cobrando uma reunião com Ratinho Junior.