Projeto do governador Ratinho autoriza uso de recursos da educação em militarização de escolas públicas

Projeto do governador Ratinho autoriza uso de recursos da educação em militarização de escolas públicas

APP-Sindicato se manifesta contra a proposta e cobra valorização dos(as) professores(as) e funcionários(as) de escola

Foto: Rodrigo Felix Leal/ANPr

A militarização não é a solução para os problemas das escolas públicas do Paraná. A afirmação é do presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, ao comentar o projeto de lei do governador Ratinho Junior, que dispõe sobre a criação do Programa Colégios Cívico-Militares do Paraná para instituições de ensino da Rede Estadual de Educação Básica. O texto foi lido nesta segunda-feira (14), no plenário da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).

As instituições de ensino selecionadas funcionarão em regime de cooperação, por meio de termo de cooperação técnica, entre a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed) e a Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná. Na prática, a proposta autoriza o uso de recursos da educação para o modelo de militarização de escolas públicas, criando poucas escolas de excelência na rede estadual.

Para o dirigente, as dificuldades das escolas públicas devem ser enfrentadas por um debate completo de ampliação dos recursos financeiros para as escolas, aumento do porte, valorização de professores(as), funcionários(as) e da integração do trabalho administrativo e pedagógico das direções das escolas e de um diálogo permanente com os(as) estudantes e familiares. “A segurança pública não se confunde com o processo educacional, pois cada instituição tem as suas atribuições na sociedade e, portanto, nós não aceitamos a imposição do militarismo dentro do processo de ensino-aprendizagem das nossas escolas,” comentou.

Hermes critica o governador por não ouvir as reivindicações e propostas da categoria. “Estamos cobrando a formação e a implementação de direitos, como promoções e progressões, a não terceirização dos funcionários de escola e a realização de concursos públicos, pois entendemos que isso que faz a diferença no processo de qualidade de ensino e aprendizagem, e não uma pedagogia que impõe o debate da segurança no lugar do processo educacional. Estamos orientando os nossos núcleos sindicais a organizarem debates com as escolas e comunidade escolar e fazermos toda a luta contrária a aprovação deste projeto de lei”, disse.

De acordo com o projeto, a proposta é implantar os colégios cívico-militares em municípios com mais de 10 mil habitantes que dispõem de, no mínimo, dois colégios estaduais que ofertam ensino fundamental e médio regular, situados na zona urbana. Além de outros critérios, a implantação dependerá de aprovação da comunidade escolar e disponibilidade de recursos orçamentários.

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