Após a reclusão ocasionada pelo período pandêmico da Covid-19, alunos(as), professores(as) e funcionários(as) de escola tem convivido com um ambiente escolar mais violento.
É o que aponta uma pesquisa nacional da ONG Nova Escola e do Instituto Ame Sua Mente: 72,2% dos(as) profissionais do ensino público e privado afirmam ter notado maiores índices de agressão física, psicológica, verbal e bullying entre estudantes ou na relação com os(as) trabalhadores(as).
Segundo o levantamento, que ouviu 2.752 professores e profissionais do país, 31,3% dos(as) educadores(as) relatam que as agressões – em sua maioria verbais – partiram de familiares e não dos(as) alunos(as).
Bullying acima da média no Paraná
Os dados reforçam as informações apresentadas no 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. De acordo com o relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o percentual de escolas com registros de bullying no Paraná, ameaças ou ofensas verbais em 2021 foi de 47,3% segundo diretores(as) de escola. O índice ficou 10% acima da média nacional.
O estudo do Fórum ressalta a complexidade do problema e alerta sobre os impactos da violência nas trajetórias pessoais e profissionais de milhares de estudantes,professores(as) e funcionários(as).
O levantamento também revela informações sobre a existência de projetos para o enfrentamento de várias formas de violência e discriminação.
Comparado com o total de estabelecimentos de ensino do país, os índices das escolas do Paraná ficaram abaixo da média em cinco dos seis temas pesquisados. As ações de prevenção e enfrentamento ao bullying, por exemplo, foram apontadas por 68,6% dos(as) diretores(as), ante 70,1% da média nacional.
Pandemia acirrou conflitos
Embora a escalada dos atentados a escolas neste ano possa ter influenciado na percepção da categoria, os(as) responsáveis pelo estudo da Nova Escola e do Ame Sua Mente apontam que os efeitos na saúde mental provocados pela pandemia e pelo longo período de ensino remoto são as principais causas.
Para a secretária Executiva de Comunicação da APP, Cláudia Gruber, que atua na rede estadual como professora de português, “A pandemia acentuou medos, a insegurança e a ansiedade. Muitos(as) sofrem com a violência doméstica e a reclusão acirrou este problema”.
“Antes de ser um espaço de aprendizagem, a escola é um espaço de socialização. O Estado agrava os conflitos quando aposta na militarização da rede estadual, porque esse modelo limita as relações interpessoais e transforma a escola pública em um ambiente frio e pautado pela cultura do medo”, complementa Cláudia.
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