Resistência!
Essa é uma palavra já introjetada no vocabulário dos(as) educadores(as) sindicalizados(as) à APP. Para além da assimilação linguística, resistência também é o modus operandi da categoria de trabalhadores(as) da educação, aqui do Paraná. Hoje, durante o primeiro dia do Seminário Estadual de Conjuntura, mais de 400 pessoas ouviram e debateram com filósofos, economistas, professores e juristas sobre o momento econômico e político do Brasil e do Estado do Paraná.
:: Veja aqui como foi a manhã de debates do Seminário Estadual de Conjuntura
“O Conservadorismo quer acabar com a Constituição” – No período da tarde, o economista Eduardo Fagnani apresentou sua análise sobre a Previdência Pública e destacou os riscos que a agenda neoliberal traz para os direitos previdenciários. Fagnani criticou o ajuste fiscal, que tira recursos do sistema de Previdência e salientou que o Brasil paga muito mais juros da dívida pública do que países com endividamento proporcionalmente maior, como o caso do Canada, Grécia e Japão.
O economista destacou que há três mitos em torno do sistema previdenciário: o primeiro, de que a previdência é deficitária. O que não é verdade, pois ela é financeiramente sustentável e possui fontes de recursos. O segundo, de que a falta de uma idade mínima para aposentadoria torna o sistema insustentável, fato que não se confirma, pois o Brasil tem idade mínima para aposentadoria desde 1998, e nos casos de aposentadoria por tempo de contribuição, o chamado fator previdenciário inibe uma aposentadoria muito precoce. O terceiro mito é de que as regras para aposentadoria seriam muito generosas, o que também não é uma verdade, pois a idade mínima de aposentadoria de 65 anos, por exemplo, é a mesma praticada na maioria dos países desenvolvidos. “Vocês acham justo que no Brasil, que tem uma idade de 65 anos para aposentadoria e a nossa expectativa de vida é de 70 anos, enquanto a expectativa na maior parte desses países é 78, 79 anos?”, questiona o economista.
Sobre o conservadorismo e o autoritarismo vigentes na atual administração do governo estadual, o professor e jurista Carlos Frederico Marés de Souza Filho analisou a construção do modelo de gestão em curso. ” Temos, em nossa trajetória histórica uma raiz fincada na violência. O Paraná nasce em uma disputa territorial de terras já ocupadas, nasce de uma guerra contra o seu povo. Somos um Estado de poucas famílias com grandes propriedades de terra, de veículos de comunicação e de visibilidade política. Somos o Estado mais violento da federação. E da onde nasce essa violência? Das elites locais que se movimentam para manter-se no poder”, teoriza o professor.
Para o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, a negação dos direitos do outro, tão difundida pelos governos neoliberais, é um elemento que consolida a manipulação da população e a disputa de forças dos governos autoritários com os movimentos sociais. As análises dos impasses sociais e a organização dos próximos atos de resistência da categoria continuam neste domingo (05), no último dia do Seminário.
Ouça aqui a avaliação do presidente da APP-Sindicato sobre os debates deste sábado.